domingo, 2 de fevereiro de 2014

POLITICANDO

Reforma urbana

     Já passou da hora de incluir a reforma urbana na pauta das grandes discussões nacionais.
     Não dá para continuar assistindo ao crescimento das favelas nas cidades brasileiras, agora chamadas de "comunidades", no Rio ou de "bairros", em Salvador, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
     Toda essa discussão está viciada por interesses escusos, seja o das grandes construtoras, que inventam um "déficit" de moradias que não existe, seja o dos movimentos sociais que viraram trampolins para carreiras políticas de líderes comunitários, todos explorando a situação para obterem vantagens.
     O fato é que a especulação imobiliária continua correndo solta e não há programa de construção de habitações que vá resolver a situação, pois o problema não é de falta de moradias e sim de concentração da propriedade imobiliária nas mãos de uma minoria. Não adianta construir milhões de casas, pois elas vão acabar se concentrando nas mãos da mesma minoria.
     Tem gente que tem dezenas e até centenas de imóveis e vive de aluguel. Investidores às vezes adquirem prédios inteiros para alugar, transformando o valor de uso desses imóveis em valor de troca. Segundo o IBGE, existem mais habitações fechadas do que famílias sem casa no país.
     Não há investimento mais rentável hoje no Brasil do que um imóvel. Nada rende mais e essa valorização excessiva é que expulsa do mercado grande parte da população, que não tem outro recurso a não ser invadir terrenos desocupados, que vão se transformando nesses amontoados de casas que não param de subir, sem obedecer a nenhuma lei urbana ou critério técnico, sujeitos ao desmoronamento, ocupando encostas e terrenos alagadiços e causando tragédias, numa situação que já dura décadas e só se agrava, sem que ninguém tenha coragem de enfrentá-la.
     A solução é a reforma urbana, que à exemplo da reforma agrária, precisa desapropriar terrenos para assentar o povo, trazendo os trabalhadores para perto do trabalho e evitando o espraiamento contínuo das cidades e os custos de estender redes de água, esgoto, energia e transportes para distâncias cada vez maiores.
     Deixar o solo urbano nas mãos da iniciativa privada só agrava o problema. É necessária uma intervenção estatal pesada na regulação do uso do solo, impedindo as invasões, mas também garantindo que trabalhadores de menor poder aquisitivo não seja expulsos para as periferias, segundo a lógica do lucro especulativo.
     A cidade tem de ser para todos e não será legalizando favelas, ou mudando o seu nome, que vai se resolver o problema. A iniciativa privada não tem condições de resolver o problema, pelo contrário, ela é a parte principal do problema, pois são as construtoras que mais lucram com a especulação. Deixar a solução para o "mercado" é não resolver nada. É preciso a mão forte do Estado intervindo com muito mais do que políticas de aumento de impostos ou zoneamento, mas contrariando as leis de mercado mesmo e impondo soluções que quebrem essa concentração.
     As eleições estão chegando e nenhum partido aborda essa questão. Tampouco o movimento social dominado pelo "conselhismo", que forma conselhos e mais conselhos, adora montar encontros para discutir o tema, mas não avança, servindo mais para legitimar os interesses da indústria da construção civil que sabe muito bem manipular essas organizações.
     Por outro lado partidos radicalóides usam a questão para promover invasões que não resolvem nada, não conseguindo montar uma pauta de reivindicações que aponte soluções.
     E enquanto muitos lucram com o problema a situação só se agrava.    

PAPO DE ARQUIBANCADA

Mar de lama..


     Meus amigos, impossível não ficar matutando os porquês que levaram a Portuguesa de Desportos escalar um atleta, suspenso, faltando poucos minutos para encerrar uma partida onde o placar, 0 x 0, sacramentava definitivamente sua permanência na série A.
     O procurador geral do MP de São Paulo, Roberto Senise Lisboa, aponta fortes indícios de que alguém da Lusa recebeu dinheiro para escalar o atleta Heverton. O técnico Guto Ferreira alega não ter sido informado de que o jogador estava suspenso e por este motivo o relacionou para a partida.
O presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, defende a investigação e ainda afirmou desconfiar de alguns funcionários, sem citar nomes: "conversamos com eles e as histórias que contaram não nos convencem", disse o mandatário.
     O vice jurídico da Lusa, Orlando Cordeiro afirma está fazendo uma investigação interna, Deus sabe que tipo de investigação! Segundo Roberto Senise Lisboa, a equipe paulista sabia da suspensão de Héverton, embora a CBF não houvesse publicado a pena do jogador após o julgamento de 6 de dezembro, antes do jogo fatídico contra o Grêmio, dois dias após.
     Decerto que a Portuguesa tinha que ser punida por transgressão às regras, que são absolutamente claras - embora estejamos no país dos recursos - e o foi, merecidamente. Triste é ver esta palhaçada de liminares, rebaixando e promovendo os envolvidos diariamente, para transformar tudo num mar de lama. O Flamengo, que está na libertadores e cometeu o mesmo erro ao escalar o seu lateral-meio-campista, o fraquíssimo André Santos, pleiteia também os seus pontos perdidos, o que não o levará a lugar algum.
     Estou pressentindo algo muito mais podre no ar: Portuguesa, Fluminense, Flamengo, Náutico, Ponte Preta e Vasco vão tentar ao máximo melar o campeonato, para que seja anulado o rebaixamento e todos ficarem na série A, dai os promovidos da série B vão fazer a parte deles e o brasileirão de 2014 correrá um sério risco de ter vinte e quatro participantes. Vamos aguardar os próximos acontecimentos. Espero estar equivocado !

Lampions Ligue


     Carinhosamente chamada de Lampions Ligue, homenagem ao Virgulino Ferreira, o Lampião, que espalhou o medo pelo cangaço, e, aludindo à Champions Ligue, maior competição de clubes do mundo, ao menos a mais badalada, a Copa do Nordeste se transformou na grande alternativa dos times baianos. Um campeonato mais rentável do que o decadente campeonato baiano e com um nível muito melhor para que testemos nossas equipes. Espero que esta competição perdure, ninguém merece mais o baianão. 


Blogando por ai...

O "inocente" Neymar

Mauro Cézar Pereira

Imbróglio previsível esse entre Barcelona, Santos, DIS e os "Neymares" pai e filho. Desde sempre foi confusa e até tensa a relação tríplice que incluia o jogador e seu staff (pai, agente, etc), investidores e o clube que o revelou. Era assim com Paulo Henrique Ganso também. Piorou com a entrada do clube catalão em cena, algo que, como se sabe agora com absoluta certeza, aconteceu bem antes do que apontava a versão oficial. É muito dinheiro, muito interesse em jogo, muita ganância. Isso mesmo. 
Fica claro que nesse processo o que mexe com as pessoas é a grana.
E somos obrigados (ou quase isso) a ouvir discursos pífios pautados em argumentos tacanhos, como o da permanência do jogador no Brasil. Como se fosse esse o objetivo dos donos de fatias do craque. Como se fosse esse o objetivo do séquito que cerca o talentoso atacante. Ora, poupem-nos! Se houve alguém preocupado em mantê-lo em dado momento foi o então presidente do Santos, Luís Álvaro de Oliveira, o "Laor", que pensou no futebol, no time mais forte, em ficar o maior tempo possível com o ídolo. E fechou aquele contrato, digno de um sonhador.
No meio disso tudo está Neymar, o jogador. Seu pai se refere a ele como estivesse falando de uma pobre criança incapaz de pensar. Alguém que deve transitar por aí sem preocupações além da bola. 
Mas falamos, sim, de um adulto, alguém que é pai, inclusive. Um homem que na próxima quarta-feira completará 22 anos. Portanto, maior de idade, responsável por seus atos. Se é merecidamente muitíssimo bem remunerado e tira proveito disso, também é responsável pelo que o cerca profissionalmente, inclusive seus contratos.
Não entrarei aqui no mérito desse chatíssimo assunto já explorado pelos companheiros nas duas últimas semanas, quando estive de férias. Se Neymar e seu pai estão certos, se cometeram alguma irregularidade, se os cartolas do Barcelona trapacearam ou se o DIS tem direito a mais algum cascalho... Há quem cuide disso, como a Receita Federal. Sigo sem entender porque o pai-empresário convocou a imprensa e fez um pronunciamento, vetando perguntas dos jornalistas. Se alguém nada teme, qual a razão para não ouvir questionamentos?
Depois ele participou do programa Bate-Bola na ESPN Brasil e, confuso, não explicou, discutiu, falou muito, disse pouco, quase nada. A alegação de que estava preocupado com um possível fracasso da seleção brasileira na Copa das Confederações foi um óbvio menosprezo à inteligência alheia. Ora, o cara veste a camisa 10, ganha mais do que os outros jogadores, é mais famoso, assediado, tem inúmeros contratos publicitários... E não quer correr riscos? Como assim? E se o Brasil vencesse e Neymar brilhasse? E foi o que aconteceu no torneio! Ora, bolas, "Seu" Neymar...
O que me parece claro é que são muitos os personagens movidos pelo dinheiro, o que provoca situações de confronto, omissão de acordos assinados há tempos e gera discursos contrangedores. E no meio disso tudo está Neymar. Se o seu staff errou, ele também errou. Se não protagonizaram deslizes, ele também está tranquilo nesse rolo todo. O craque pode estar limpíssimo, ou seja, não ter cometido nada de irregular juntamente com os que o cercam. Mas não é um pobrezinho "inocente" que vive apenas para jogar bola. Basta do discurso patético que tenta fazer de um adulto uma eterna criança por conveniência.

Fonte: ESPN Brasil

CLIPE DA SEMANA


Bachianas brasileiras n. 05

A soprano Alzeny Nelo interpreta as Bachianas no encerramento da semana da música 2009 com octeto de violoncelos da Escola de Música da UFRN sob direção musical do regente Fábio
Heitor Villa Lobos
  

Bachianas brasileiras é uma série de nove composições de Heitor Villa-Lobos escritas entre 1930 e 1945. Nesse conjunto, escrito para formações diversas, Villa-Lobos fundiu material folclórico brasileiro (em especial a música caipira) às formas pré-clássicas no estilo de Bach, intencionando construir uma versão brasileira dos Concertos de Brandemburgo. Todos os movimentos das Bachianas receberam dois títulos: um bachiano, outro brasileiro.

DESTAQUE

Minha vida de menina


     Delicioso este livro de Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant), escrito no final do século XIX , entre 1893 e 1895, na forma de um diário de menina e reeditado pela Companhia das Letras (São Paulo, 2012).
     Helena tinha apenas 14 anos quando fez suas anotações em seu diário, estimulada pelo pai, um inglês que casou-se com uma brasileira e dedicava-se à mineração de diamantes na cidade mineira de Diamantina, numa época em que esta atividade e a própria cidade já estavam em decadência.
     O livro, publicado apenas em 1942 quando Helena já era uma mulher madura, tem a graça da ingenuidade aliada a uma qualidade inata de escrever da moça, que descrevendo seu dia-a-dia vai revelando o cotidiano da pequena cidade do interior, e de toda uma época já desaparecida, com uma qualidade literária que surpreende pela naturalidade.
     Segundo a autora, no prefácio à primeira edição, poucas foram as alterações feitas no texto, que conserva a graça de sua ingenuidade e nos revela um mundo antigo visto pelo olhar despretensioso e aguçado de uma jovem que pertencia a dois mundo, o da família inglesa de seu pai e o da família luso-brasileira de sua mãe.
     Numa época em que o fim da escravidão ainda era muito recente, a descrição da vida dos brancos e negros, da economia, da vida doméstica, a religiosidade e crenças vividas pela população, são de uma riqueza de detalhes que não encontramos em nenhum livro de história.
     Um livro para se ler devagar, saboreando cada episódio descrito pela jovem Helena, que vai pintando um mural de um mundo desaparecido e desconhecido para nós, de 120 anos atrás.
     Uma coisa interessante: no final do seu prefácio de 1942, Helena nos manda um recado:

     Não sei se poderá interessar ao leitor de hoje a vida corrente de uma cidade do interior, no fim do século passado, através das impressões de uma menina, de uma cidade sem luz elétrica, água canalizada, telefone, nem mesmo padaria, quando se vivia contente com pouco, sem as preocupações de hoje. (...) 

      E acrescenta um recado especial às suas netas:

     Vocês que já nasceram na abastança e ficaram tão comovidas quando leram alguns episódios de minha infância, não precisam ter pena das meninas pobres, pelo fato de serem pobres. Nós éramos tão felizes! A felicidade não consiste em bens materiais mas na harmonia do lar, na afeição entre a família, na vida simples, sem ambições - coisas que a fortuna não traz, e muitas vezes leva.

     O que diria Helena à juventude de hoje, que vive ligada aos celulares, à TV e à internet, com tantas facilidades e tantas vezes perdida e sem rumo?
     No meio de tantas teorias políticas e tantos debates desgastantes e supérfluos do facebook, onde se substituem or argumentos por xingamentos dos piores tipos, ler um livro como esse é um bálsamo, onde podemos observar que as angústias dos seres humanos são basicamente as mesmas através dos séculos, e que se a tecnologia facilita a vida, não resolve nossos problemas existenciais.

     Uma viagem ao passado. Vale a pena ler.

Alice Dayrell Caldeira Brant – que usou o pseudônimo de Helena Morley

POESIA DA SEMANA

João Cabral de Melo Neto


Difícil Ser Funcionário

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.
Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.
É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.
Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.
Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.
E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.
Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança
Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…

RAPIDINHAS

Acredite se quiser...


 A mídia anuncia que o site de José Genuíno conseguiu arrecadar mais de 600.000,00 reais em pouco tempo, para pagar a multa a que o ex-deputado foi condenado.
     Animados pela notícia, outros mensaleiros já abriram suas contas para receber doações.Delúbio Soares já teria arrecadado mais de um milhão de reais em poucos dias.
     É preciso ser muito ingênuo para acreditar que essas doações milionárias estão vindo da militância petista. É claro que empresas e grandes doadores estão investindo pesado. A dúvida é se estão fazendo isso para quitar dívidas antigas ou comprar favores futuros, que serão pagos com o nosso dinheiro.


Campanha contra a Copa

     Não dá mais pra aguentar essa campanha contra a Copa na TV e no facebook. Que gente chata!
     Todos os problemas do Brasil agora viraram motivo para a não realização do mundial. Reclamam dos estádios, se são construídos com dinheiro público. Depois reclamam quando são privatizados para cobrir os custos. Reclamam dos investimentos em metrôs, corredores de ônibus e aeroportos para o evento, depois reclamam que não vão ficar prontos à tempo para a copa, como se esses benefícios não fossem ficar aí para todos. Qualquer queda na taxa de emprego é motivo para a Globo fazer o maior estardalhaço, mas ninguém comenta a imensa quantidade de empregos geradas pelas obras.
     É evidente que essa campanha tem como objetivo apoiar a direita nas próximas eleições. Aécio Neves está desesperado porque seu projeto neoliberal não emplaca mais e a velha elite só conta com a ajuda desse terrorismo midiático e dos seus blackblocs para tentar deter o avanço do Brasil, que continua navegando bem nos mares revoltos da crise mundial.
     E ainda tem gente que acredita que está sendo "revolucionária" aderindo a essas coisas.

Inventar com a diferença

O projeto Inventar com a Diferença está com inscrições abertas para escolas e professores da rede pública em Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora. O projeto prevê oficinas de audiovisual com os professores em fevereiro e encontros com alunos entre os meses de março a maio de 2014. Os professores interessados devem procurar a direção da sua escola até o dia 05/02 para efetuar a inscrição. Em Livramento e Rio de Contas participarão 10 escolas, 2 professores por escola e cerca de 250 alunos.
O projeto é realizado pelo curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ) e pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República. Ao final do projeto os vídeos realizados nos encontros pelos alunos serão exibidos na 9a Mostra de Cinema e Direitos Humanos que acontece em todas as capitais do Brasil e mais de 500 pontos de exibição presentes no interior. Os professores participantes receberão um certificado emitido pela UFF.
Mais informações através dos telefones: (77) 3475-2328 e (77) 8102-8992, com Glaucia, ou através do e-mail  glaucia_soares@yahoo.com.br e do site  www.inventarcomadiferenca.org.

RIR




Eleições 2014

Piada Contada: sogras.

 Ary Toledo