Depois da eleição acirrada, que ganhou por uma margem de três milhões de votos, num universo de 142 milhões, Dilma fez um belo discurso de vitória.
Parecia que era a primeira vez que Dilma falava por si própria, libertando-se do papel de candidata do PT, agora que já tinha conquistado seu último e derradeiro mandato. É claro que ela fez questão de render a homenagem devida a seu mentor, o ex-presidente Lula, demonstrando que não é pessoa de esquecer quem lhe deu a mão nos momentos mais difíceis.
Mas na primeira entrevista após voltar ao trabalho, quando perguntada sobre uma declaração agressiva do Partido dos Trabalhadores a respeito das oposições, ela fez questão de dizer que não representava o partido, mas governava para todos os brasileiros.
Para os bons observadores, parece evidente que o PT se tornou um problema a mais para a presidente Dilma. Aliás o Partido só criou problemas para ela durante a campanha e se não fosse o despertar da militância, quando perceberam que a vitória da direita era uma possibilidade real, provavelmente o barco teria naufragado, entregando o ouro da nação aos bandidos do PSDB e do DEM.
Mas o fato é que Dilma não terá outra alternativa para se livrar do PT, sem parecer uma traidora, a não ser promovendo uma profunda reforma política, que desemboque na estruturação do novos partidos, dentre eles um novo partido de centro esquerda capaz de aglutinar o que há de mais ideológico na sua base, isolando os oportunistas que se escondem em legendas de aluguel ou no grande e disforme corpo do PMDB.
E a única maneira de fazer isso é levando adiante um projeto que vai causar grande celeuma nas oposições:, o da Constituinte Revisora, Livre e Soberana. Foi ela, Dilma, quem lançou a proposta durante os protestos de 2013, como forma de fazer as reformas necessárias no país. É claro que a direita imediatamente chiou. Não querem mudanças para avançar, mas apenas para retroagir a um país dominado por uma elite podre.
O próprio PT quer restringir a Constituinte à reforma política, impedindo que ele avance sobre outros privilégios das elites, com a reforma urbana, da educação, da saúde, dos monopólios da mídia e a reforma tributária, destruindo velhos privilégios que impedem o progresso do Brasil.
Vai ser uma decisão difícil. Se ela se render ao corporativismo do PT e aliados, a reforma da Constituinte mais uma vez só vai contemplar os interesses dos poderosos, desembocando num gigantesco conchavo. Se ela avançar para a Constituinte Livre e Soberana, terá de enfrentar a batalha contra todos os interesses corporativos que se unirão contra ela, mas se libertará das amarras do PT e poderá angariar um grande apoio popular, levantando a juventude de 2013 a seu favor, em direção à construção de um novo país.
Para quem já enfrentou tantos desafios como ela, isso não é impossível.
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