Humberto de Campos
LENDO-TE
“As roseiras aqui
já estão florindo...”
Mandas dizer...
“As híspidas e pretas
Rochas da estrada
já se estão cobrindo
De musgo verde...
Há muitas borboletas...”
E eu fico a pensar
que agora é o lindo
Mês das rosas
esplêndidas e inquietas
Asas: mês em que a
serra anda sorrindo,
E em que todos os
pássaros são poetas.
Vejo tudo: a água
canta entre os cafeerios.
Vejo o crespo
crisântemo e a açucena
Estrelando a
verdura dos canteiros.
Penso, então, que
em tudo isto os olhos pousas...
E começo a
chorar... Olha: tem pena,
não me escrevas
falando nessas cousas!...
Humberto de
Campos Veras nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, Estado do Maranhão.
Deixou obra extensa e variada, incluindo crônicas e contos humorísticos, além de
sonetos refinados, que o tornaram um dos autores mais populares em sua época.
Aprendiz de tipógrafo e depois escriturário, iniciou-se (1908) no jornalismo em
Belém do Pará, e chegou a diretor de A Província do Pará. Fatores políticos
forçaram-no a mudar-se (1912) para o Rio de Janeiro, RJ, onde passou a trabalhar
como redator de O Imparcial. A longa série de seus livros de prosa iniciou-se
com Da seara de Booz (1918). Publicou depois, entre outros, A serpente de bronze
(1921), A bacia de Pilatos (1924), O monstro e outros contos (1932) e Poesias
completas (1933). Eleito membro da Academia Brasileira de Letras (1920), também
foi eleito deputado federal pelo Maranhão (1927), mas teve o mandato
interrompido pela revolução (1930). Suas Memórias (1933) são apontadas como seu
livro mais importante. Morreu no Rio de Janeiro, RJ, e seu Diário secreto,
publicado postumamente (1954), causou escândalo.
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