Por uma Assembléia Constituinte Revisora exclusiva
Os últimos desdobramentos da operação Lava-jato, com a prisão de José Dirceu, o envolvimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha e do senador Fernando Collor de Mello, jogaram uma cortina de lama sobre o atual sistema político.
Apesar dos procuradores paranaenses e o próprio Supremo Tribunal Federal, parecerem ter uma predileção especial pelo PSDB, sempre poupado nas investigações e prisões, não se pode negar que tudo que já foi apurado até agora aponta para aquilo que o povo vem repetindo há muito tempo sobre os políticos: são todos iguais.
É claro que tal afirmação torna-se injusta com aqueles que não estão envolvidos em nenhum mal-feito, pelo menos até agora, como o PSOL e outros representantes do povo pertencentes a vários partidos, mas de qualquer forma a impressão que se tem é a de que está tudo podre e quem ainda não roubou é porque ainda não teve oportunidade.
A solução para esa situação insólita, foi apontada pela presidente Dilma logo que começaram as manifestações de rua em 2013: Uma Assembléia Constituinte Revisora, exclusiva.
E porque exclusiva? Porque excluiria os atuais políticos, sendo composta por representantes populares que atualmente não exercem nenhum mandato. Claro que os políticos se manifestaram imediatamente contra tal ideia, pois uma Constituinte desse tipo poderia abolir todos os seus privilégios, sem que eles pudessem fazer nada à respeito.
Para evitar tal perigo, Eduardo Cunha se encastelou na presidência da Câmara, fazendo propostas absurdas, que ao invés de melhorar o sistema político só podem piorar tudo. E o pior, com apoio de uma base comprada por ele mesmo com favores de grandes empresas, que contribuíram para eleger mais de 200 deputados.
Tudo isso contribui para tornar cada vez mais viável a ideia da Constituinte exclusiva, que poderia de fato servir aos interesses da nação, passando ao largo das armações de corruptos e corruptores instalados em cargos públicos, eletivos ou não.
A última prisão de José Dirceu jogou a pá de cal nas pretensões do presidente Lula de se candidatar em 2018. Na verdade, quem emerge dentro do PT como único nome viável é Jaques Wagner, que fez dois excelentes governos na Bahia e vem se destacando como ministro da defesa.
A convocação de manifestações para o dia 16 de agosto periga se voltar contra seus próprios criadores, na medida em que o povo passa a desconfiar de todos os partidos, enquanto a presidente Dilma segue longe de toda a sujeira levantada.
Melhor seria se Dilma se desligasse do PT, se colocando acima dos partidos, o que lhe daria mais força para propor a Constituinte exclusiva, que só pode ser convocada pelo próprio Congresso Nacional. Mas Dilma, como presidente, poderia chamar o povo para opinar à respeito através de um plebiscito, e caso a aprovação fosse maciça, seria difícil para o Congresso rejeitar a convocação.
Resta a presidente esse ato de coragem, e isso ela tem de sobra.
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