quinta-feira, 25 de setembro de 2014

DESTAQUE

Chiquinha

     Acabo de ler a biografia de Chiquinha Gonzaga, a maestrina brasileira, escrita por Edinha Diniz (Zahar, Rio de janeiro - 2009), em nova edição (a primeira é de 1984), revista e ampliada.
     Como toda biografia, o livro é muito descritivo, se prestando a pesquisas sobre a vida da personagem. Mas as revelações sobre esta destemida brasileira, precursora da libertação feminina no nosso país, são realmente impressionantes.
     Até então meus conhecimentos sobre Chiquinha Gonzaga eram restritos, obtidos em reportagens ocasionais de jornais, ou na minissérie da Globo, que pelo horário tardio não pude assistir toda.
     Eu sabia que ela desafiara o pai e o marido para seguir sua carreira musical, causando sucessivos choques na sociedade carioca ao assumir posturas de independência, inclusive financeira, impensadas para as oprimidas mulheres brasileiras do século XIX. Sabia que ela separou-se do marido e assumiu um novo relacionamento, que também não deu certo, e que já depois dos cinquenta passou a se relacionar com um homem muito mais jovem, que a acompanhou até o final da vida,    
     Mas não sabia que ela foi uma abolicionista e republicana militante, que saía pelas ruas do Rio de Janeiro com Lopes Trovão, um agitador conhecido, distribuindo panfletos contra a escravidão e o decadente Império Brasileiro.
     Não sabia também da sua importante participação na fundação do teatro brasileiro, que animava com suas operetas, e na luta pelos direitos autorais, participando como fundadora da SBAT, Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais.
     Pena que de sua extensa obra musical, só reste em nossa memória coletiva a marchinha Ô abre alas, até hoje tocada, com que Chiquinha praticamente inventou os desfiles carnavalescos.
     Mulher livre, voltada para a criação e a libertação, Chiquinha Gonzaga abriu alas para o século XX, onde o Brasil se libertaria de séculos de atraso e entraria no rol das nações modernas.
     Vale a pena ler esta biografia. Falta agora, alguém resgatar sua musicografia.

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