terça-feira, 2 de setembro de 2014

O MUNDO MUDA... E O BRASIL ?

POLITICANDO
    
      Os países imperialistas do hemisfério norte, presos a uma política recessiva neoliberal, não estão mais conseguindo impor ao mundo suas prioridades e passam à agressão pura e simples contra os povos que não querem ceder ao seu discurso falido de diminuição do Estado para reconstrução de um capitalismo livre e forte.
     Ao tentarem anexar a Ucrânia à União Européia, cujo projeto de união de povos foi convertido pela direita em um projeto de uma união imperialista, foram barrados pelo presidente Yanukovich, que via mais vantagens na associação com a Rússia e seu projeto alternativo de um novo mercado comum do leste.
     Para alcançar seus objetivos não hesitaram em lançar mão de grupos neonazistas que, usando de muita violência, provocaram um golpe de estado derrubando o governo legitimamente eleito, em detrimento da maioria de habitantes de origens eslava. No dia seguinte ao golpe, o novo "governo", era reconhecido pelo ocidente e proclamava sua adesão à União Européia, sem nenhuma consulta ao povo.
 Rebelião de direita na Ucrânia contra a Rússia
     O resultado foi a insurreição do leste, que desde então proclamou sua independência e vem combatendo o governo ilegítimo de Kiev. O novo "presidente" ucraniano, um empresário capitalista eleito com votos apenas da parte oeste do país, acusa a Rússia de tentar desestabilizar o país, enquanto incentiva terroristas do autodenominado "setor de direita" a cometer atentados contra os cidadãos do leste. A Rússia, por sua vez, mantém seu apoio ao leste, combatendo a manobra ocidental.
Rebelião no leste da Ucrânia contra a Uniâo Européia
     Na Siria e no Iraque, um novo grupo de "insurgentes", autodenominado Estado Islâmico, comete as maiores atrocidades contra os povos, em nome do islamismo, enquanto a própria imprensa ocidental noticia que mais de três mil ocidentais combatem em suas fileiras. Mas esse estranho grupo não ataca Israel, nem mesmo algum objetivo militar norte-americano ou europeu, apenas os próprios povos da região, fuzilando, torturando, decapitando e massacrando sem dó nem piedade, homens, mulheres e crianças, a maioria muçulmanos, em nome do islamismo.

 Massacres do "Estado Islâmico"
     Não é estranho? Enquanto isso Israel massacra mais uma vez a população da Faixa de Gaza, convertida em gueto árabe, submetido a um cerco que impede a entrada de alimentos, remédios e materiais de construção, numa tentativa de exterminar um povo inteiro, mais uma vez com apoio dos Estados Unidos e União Européia, enquanto Israel continua construindo novas colônias nos territórios ocupados e os governos ocidentais fingem apoiar o "diálogo" entre judeus e palestinos.
Crianças palestinas mortas em ataques israelenses à Faixa de Gaza
     A recessão iniciada em 2008 nos Estados Unidos, não conseguiu se espalhar pelo mundo inteiro graças aos BRICS, grupo do qual o Brasil faz parte, e às economias asiáticas, fortemente impulsionadas pela China, frustrando o plano ocidental de reconquistar a liderança econômica.  
     Assim, enquanto eles se afundam em sua crise artificialmente provocada por políticas recessivas, o resto do mundo continua crescendo, embora com dificuldade, e começa a construir alternativas à liderança ocidental, como é o caso do novo Banco dos Brics, e seu fundo de estabilização, substituto do FMI. A consequência é a perda da liderança política e econômica das velhas nações imperialistas, que já sentem o perigo de uma retomada de políticas voltadas para as questões ambientais e sociais, totalmente contrárias aos interesses dos grandes grupos econômicos.

 A criação do Banco dos Brics, em Fortaleza
     No Brasil, o velho discurso sindical, aliado do grande capital na implementação de uma social-democracia que não tocou em privilégios dos mais ricos, investindo em políticas compensatórias e desenvolvimentistas para fugir da recessão, também vai se esgotando. A alternativa da extrema direita na eleição deste ano, Aécio Neves, não consegue decolar e a grande jogada do lulismo para conquistar o eleitorado, a Copa do Mundo, afundou-se no triste desempenho da seleção brasileira, frustrando uma juventude que já não se ilude com o falso tom de rebeldia petista, enquanto seus principais líderes amargam a cadeia por corrupção.
A humilhação da seleção brasileira
     A ascensão meteórica de Marina Silva, legitimada por uma história de lutas ambientais e também sindicais, mas apoiada por um setor do empresariado que não aguenta mais ter que lidar com a falsa esquerda representada pelo PT, desquilibra todo o ambiente político nacional.

     Mas Marina também não representa toda a mudança almejada pelo país, expressa nas jornadas de protesto de junho de 2013. Sua conversão ao fundamentalismo evangélico pentecostal gera grandes desconfianças em amplos setores da população, especialmente entre os gays e os que propõe a legalização do aborto e da maconha, grupos que, embora sejam minoritários hoje em dia, tendem a crescer enquanto vertente de transformação da sociedade brasileira, vencendo seu conservadorismo renitente.
A ambiguidade de Marina Silva
      A própria política econômica proposta por Marina Silva, que proclama a diminuição da presença do Estado na economia, levanta fortes dúvidas sobre suas intenções, fazendo renascer a sombra das privatizações neoliberais que tanto mal causaram à economia, lançando dúvidas também sobre sua postura nas relações internacionais. Estaria ela disposta a se realinhar com os Estados Unidos desprezando as conquistas dos governos petistas em termos de independência política e econômica, sem dúvida o melhor legado do PT? Além disso, esse possível realinhamento significaria também uma aceitação das políticas recessivas neoliberais, que sem dúvida provocariam uma grave recessão e desemprego em massa?
 A expansão do ensino superior e técnico é um êxito inegável
     Doze anos de governos petistas tiveram méritos inegáveis, como os grandes investimentos em educação superior e técnica, embora a educação básica e média continue abandonada a modelos totalmente superados, baseados em um municipalismo que já provou ser inútil ultrapassado. O mesmo em relação às políticas de saúde pública.

 Enquanto a educação básica permanece um desastre
     O erro do PT foi fazer mudanças pela metade, para não desagradar aos empresários. Não reformou a educação e a saúde para não contrariar os grandes empresários do setor, conhecidos financiadores de campanhas eleitorais. Não tocou também nos privilégios dos empresários do transporte e da especulação imobiliária, responsáveis pela degradação da vida nas cidades e tolerou a corrupção, desde que "justificada" pelas intenções políticas revolucionárias, no estilo José Dirceu, não aceitando o veredito do maior tribunal do país, amplamente apoiado pela população.

     A arrogância dos petistas condenados pelo STF chocou o Brasil
     O Brasil se cansou das ambiguidades petistas e agora hesita em votar nas ambiguidades de Marina. Enquanto isso uma velha ordem mundial se afunda em violência e uma nova ordem surge, confusa, indefinida, mas com a força da maré crescente, cansada de ser invadida pelos rios poluídos da política mundial.

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