segunda-feira, 6 de abril de 2015

POLITICANDO

Empresas filhas da ditadura


     A ditadura não perseguiu apenas comunistas e democratas, mas perseguiu também muitas empresas cujos proprietários não apoiaram o golpe militar. Os melhores exemplos são a Rede Tupi de Televisão, e a Panair, maior empresa de aviação brasileira até o início dos danos 1960.


      Para substituí-las os militares criaram outras, ou injetaram recursos maciços em pequenas empresas, que assim cresceram à sombra do autoritarismo militar.


      Os melhores exemplos são a Globo e a Varig, criadas ou alimentadas para substituírem a Tupi e a Panair. A Globo recebeu de presente um pacote de milhões de dólares, patrocinado pelo governo, através do acordo com o grupo Time-Life dos Estados Unidos, país profundamente envolvido no golpe militar. A Varig recebeu durante 30 anos a exclusividade das linhas para os exterior, pagas em dólar e com isso pode comprar muitas outras empresas aéreas, como a Real, a Cruzeiro e outras menores.

     Além dessas a Itapemirim (que só fazia a linha Rio-Cachoeiro do Itapemirim), do Empresário Camilo Cola, recebeu linhas de ônibus para onde quisesse e o Bradesco, antigo Banco Brasileiro de Descontos, um banco insignificante, cresceu desmesuradamente com apoio dos militares em detrimentos de tantos bancos que foram sendo fechados pelos militares, como o Banco da Bahia, de tradicional família baiana.

     Com a redemocratização, a Varig e a Itapemirim não aguentaram a concorrência, a que não estavam acostumadas e foram se reduzindo. A Varig faliu e a Itapemirim hoje é uma empresa menor, quase falida.

     As construtoras baianas, Odebrecht e OAS, também foram muito favorecidas nos governos de Antonio Carlos Magalhães, braço civil da ditadura na Bahia e passaram a abocanhar a maior parte das obras no Brasil e no exterior, igualando-se às construtoras mineiras, que cresceram à sombra do governo Juscelino Kubistcheck, beneficiadas pela construção de Brasília.
     Agora, com a devassa iniciada pelo governo da presidente Dilma Roussef contra a corrupção, começa a levantar-se o véu que escondia as grandes negociatas, de cuja existência o povo sempre suspeitou, com envolvimento de grande parte dos políticos brasileiros, arrastando para a lama empresários e políticos que sempre deram as cartas no Brasil.
     Não é à tôa que grande parte da burguesia pede a volta da ditadura militar, criadora do ambiente onde vicejaram essas empresas, verdadeiras ervas daninhas que tomaram conta do meio empresarial brasileiro.

     A operação lava-jato, e a mais recente que começa a desvendar o ambiente de propinas que domina o CARF, espécie de tribunal da receita federal, com poder para cancelar multas bilionárias das empresas, vai desvendando esse ambiente de corrupção e mostrando a verdadeira face desses empresários corruptos e seus "assessores", advogados, doleiros, políticos e lobistas, muitos dos quais pertencem ao próprio partido do governo.
     Até hoje quando se falava em corrupção pensava-se apenas em funcionários públicos. Olhava-se apenas para um lado do problema, o dos corrompidos, mas fingia-se não ver o outro lado, o dos corruptores, maiores beneficiados de todos esses esquemas. Essa verdadeira operação "mãos limpas" deflagrada pela polícia federal, com apoio da Presidência da República, inaugura uma nova era no Brasil de consequências imprevisíveis. Há quem diga que coisas estarrecedoras virão à luz do dia, quando a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste forem investigados.
     Quem viver verá. 
     E aqueles que defendiam tão ardorosamente o capitalismo, falando em livre concorrência enquanto subornavam agentes do governo para burlar a justa competição entre as empresas, podem botar suas barbas de molho, pois o pior ainda está por vir.
     Dilma cada vez mais parece-se com o último imperador romano, que consciente da podridão que tomara conta do Império, simplesmente deixou que tudo viesse abaixo, para que um mundo novo surgisse.

     Acho engraçado o pessoal da área de Administração de Empresas, que continua com seus discursos cínicos sobre "marketing", e "competitividade", como se vivessem no melhor dos mundos, enquanto participam ativamente de toda essa sujeirada do mundo corporativo.

2 comentários:

  1. Vocês sabiam que a VARIG foi a empresa de trabalhadores melhor sucedida no hemisfério sul? Será que o problema é que o comando não estava em SP?

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    1. Desculpe, mas o fim da Varig demonstra que ela não foi tão bem sucedida assim. Quando perdeu a proteção do governo entrou em queda livre e no fim, sua diretoria deu o calote no fundo de pensão dos seus trabalhadores.

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