segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Politicando

Ecos da ditadura
  

     Assisti a entrevista de Aécio Neves ao telejornal da Record e fiquei impressionado com a repetição de temas e atitudes de 20 e 30 anos atrás.
     Aécio, vestido com a mesma gravata azul de FHC e Serra, insistiu em bater nas mesmas teclas de seus antecessores; de que o Brasil precisa de mais rigor fiscal, diminuir gastos do governos e fazer "reformas", dentre elas a da previdência social, sem ter a coragem de dizer o que mais vão retirar dos aposentados para encobrir os roubos do governo no dinheiro que os contribuintes pagam para ter esse direito, cada vez mais difícil de ser obtido.
     Teve ainda a cara de pau de falar em fim da reeleição e mandato de 5 anos para todos, quando foram eles mesmos que instituiram esse sistema de 4 + 4anos, num escândalo, nunca investigado, de compra de votos no parlamento brasileiro para dar mais um mandato a Fernando Henrique.
     O tema do rigor fiscal é dos anos 90, resultado de uma reunião de lideranças de direita no continente, que ficou conhecida como Consenso de Washington, e que já levou tantos países a falência. Está pra lá de superada. Mas eles parecem incapazes de se reciclar. Só conhecem um caminho, um discurso. Por isso seu partido está desaparecendo, porque ficou para trás, tragado pelo trajeto implacável da história que condenou o neoliberalismo ao limbo das teorias esquecidas.
     Mas porque essa insistência? E porque os tucanos ainda tem tantos eleitores no Brasil?
     Não é difícil explicar:
     A ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 desenvolveu um modelo econômico que privilegiava cerca de 30% da população, com objetivo de criar um mercado de consumo de bens supérfluos para as multinacionais americanas e européias.
     Assim, enquanto 70% da nossa população amargava a pobreza e a miséria, esses 40 ou 50 milhões de habitantes, na época, formavam um excelente mercado de consumo, maior que muitos países do mundo, para os produtos das empresas que apoiavam nossa ditadura.
     Formou-se então uma classe média com alto padrão de consumo, acostumada às altas rendas, viagens internacionais, apartamentos e carros luxuosos, enquanto os excluídos eram tratados à pão e água, e os rebeldes na base da tortura e do assassinato, tudo às custas do endividamento do país.
     Com o fim da ditadura, vieram os governos neoliberais, que promoveram um arrocho maior ainda, diminuindo drasticamente o salário mínimo e colocando os bancos no controle de tudo. Era a nova ordem internacional, onde o setor produtivo se subordinava às instituições financeiras mundiais.
     Esse modelo de total liberdade especulativa terminou com a quebra dos Estados Unidos em 2008, e se esgotou como alternativa, levando o próprio governo americano a fazer pesadas intervenções na economia.
     No Brasil, um outro rumo já havia sido tomado, desde a ascensão do PT em 2002, com as políticas sociais compensatórias e a ênfase no aumento do poder de compra da população, objetivando ampliar o mercado interno e tornando o país menos dependente de exportações.
     O país saía da órbita dos Estados Unidos e começava a navegar em um rumo próprio, buscando seus interesses nacionais.
     A consequência dessa mudança foi a ascensão das classes C e D, que passaram a consumir mais e a disputar espaço no mercadocom a velha classe média criada pela ditadura, enchendo os aeroportos, as ruas com seus novos automóveis e os shoppings, agora com seus "rolezinhos", onde negros e "pardos" passam a invadir as áreas antes exclusivas da classe média branca.
     Mas quem representa essa velha classe média racista e saudosa dos privilégios que a ditadura lhe concedeu? O PSDB é claro. Eles são os eleitores de Aécio Neves, que nem disfarça a intenção de satisfazê-los, empurrando os novos consumidores de volta para a pobreza e restabelecendo a supremacia branca.
     Mas eles tem pressa, pois à medida em que o tempo passa, os antigos privilegiados da ditadura vão morrendo e novos atores surgem no cenário da política nacional, agora exigindo mais do que simples poder de compra, mas serviços públicos de qualidade e direitos que antes nem sequer se cogitava em dar ao povo brasileiro, como por exemplo, o de combater a corrupção dos políticos que durante séculos ficaram fora do alcance da justiça, feita para punir apenas os negros e pobres.
     As novas classes emergentes querem ter o poder nas mãos e fundar uma verdadeira democracia, ameaçando não só o projeto de restabelecer os antigos privilégios dessa minoria racista, mas também o de avançar sobre outros privilégios como os dos "donos" da saúde e da educação no Brasil, e os especuladores imobiliários, que não foram sequer tocados pelos governos petistas, assim como sobre o crime organizado, profundamente enraizado nas nossas elites, inclusive no nosso sistema financeiro, por onde certamente toda essa riqueza circula alimentando as candidaturas dos velhos políticos.
     Ao desespero dos políticos de gravata azul, do PSDB, deve-se somar em breve o dos políticos de gravata vermelha, do PT, que já começam a ir para a cadeia, na medida em que a democracia se aprofunda.
     Estamos em um momento de virada onde, ou as velhas e novas elites se unem para impedir que a democracia continue avançando, o que tem prevalecido até agora, ou novas e importantes conquistas virão para elevar o Brasil ao patamar que lhe é destinado pela história, como uma grande nação.
     Cabe ao povo observar tudo isso, principalmente as novas gerações, e privilegiar nas próximas eleições os candidatos que querem que o Brasil continue avançando, deixando para trás os tristes ecos da ditadura.
    
    
     

Rapidinhas

Viva Chico

     Apesar de não ser católico, tenho que tirar o chapéu para esse Papa Francisco.
     Em pouco tempo já deu uma guinada histórica na Igreja, afastando os corruptos, abrindo a questão da pedofilia dos padres, abordando temas polêmicos como o casamento gay, mexendo no verspeiro que é a burocracia interna do Vaticano e abrindo mão de luxos completamente contrários à doutrina de Cristo.
     Há tempos que a Igreja Católica precisava de ventos de renovação como esses.       
     Dominada pelo conservadorismo desde os tempos do anticomunista João Paulo II, que serviu muito bem aos interesses dos norte-americanos na Europa, e durante o papado de Bento XIV, um ex-soldado de Hitler, a igreja que se propõe a ser líder da cristandade se volta novamente para as necessidades do povo de Deus, deixando para trás posturas preconceituosas e burocráticas, como as que impediam filhos de casais separados ou mães solteiras de serem batizados.
     Parece que uma revolução espiritual está começando. Se não o matarem, como fizeram com João Paulo I, deveremos ver muitas mudanças ainda.
 

A ditadura egípcia e a mídia submissa
     É impressionante como a mídia brasileira, inclusive os sites da internet, são submissos aos interesses geopolíticos norte-americanos. Um golpe militar derrubou o presidente eleito do Egito, Mohamed Mursi, e impôs uma ditadura cruel e assassina, que já matou milhares de cidadãos que protestavam legitimamente pela quebra da legalidade. Agora  o ditador de plantão, um tal Sissi, pau mandado de americanos e israelenses, manda fazer uma Constituição entre quatro paredes (sem assembléia constituinte) e faz um simulacro de referendo para aprová-la.
     Durante os dois dias de "votação", onde os partidários do presidente deposto foram impedidos de se manifestar, dezenas de manifestantes foram mortos e mesmo assim, ele não obtiveram o quorum mínimo de 50% para aprovação.
     Mas as ditaduras não precisam disso. Quem vai lá conferir?
     Declararam que o quorum foi alcançado e pronto, a farsa constitucional foi consumada.
     Resultado: mais de 98% de aprovação. Quem acredita nisto?
     Mas as notícias não falam em ditadura. Falam em "referendo constitucional" e "Governo Militar", chamando o impostor de "Presidente".
     Se fosse na Venezuela ou em qualquer outro país contrário aos interesses hegemônicos dos Estados Unidos, a imprensa cairia de pau, chamando os eleitos de ditadores.
     Até quando?

Poesia da semana



Momento num café
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida

Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
Manuel Bandeira

Nasceu em Recife, Pernambuco, no ano de 1886.  Publicou seu primeiro livro de versos, Cinza das Horas, em 1917. Em 1919 publicou Carnaval, onde já mostrava suas tendências modernistas. Em 1922 participou da Semana de Arte Moderna, descartando de vez o lirismo bem comportado.  
Foi jornalista, redator de crônicas, tradutor, integrante da Academia Brasileira de Letras, professor de História da Literatura no Colégio Pedro II e de Literatura Hispano-Americana na Faculdade do Brasil, no Rio de Janeiro.  Faleceu em 1968.
Suas obras: 
POESIA: Poesias, reunindo A cinza das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Poesias escolhidas (1937), Poesias completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira dos cinqüenta anos (1940), Poesias completas, 4a edição, acrescida de Belo belo (1948), Poesias completas, 6a edição, acrescida de Opus 10 (1954), Poemas traduzidos (1945), Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948), Obras poéticas (1956), 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955), Alumbramentos (1960), Estrela da tarde (1960). 
PROSA: Crônicas da província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções de história das literaturas (1940), Autoria das Cartas chilenas, separata da Revista do Brasil (1940), Apresentação da poesia brasileira (1946), Literatura hispano-americana (1949), Gonçalves Dias, biografia (1952), Itinerário de Pasárgada (1954), De poetas e de poesia (1954), A flauta de papel (1957), Prosa, reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, Crítica de Artes e Epistolário (1958), Andorinha, andorinha, crônicas (1966), Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966), Colóquio unilateralmente sentimental, crônica (1968). 
ANTOLOGIAS: Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica (1937), Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana (1938), Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos (1946). Organizou os Sonetos completos e Poemas escolhidos de Antero de Quental, as Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944), as Rimas de José Albano (1948) e, de Mário de Andrade, Cartas a Manuel Bandeira (1958).  

Clipe da semana

     Hoje trazemos esta música fantástica do compositor espanhol, Joan Manuel Serrrat, para aqueles que sabem o valor das pequenas coisas na memória dos tempos que se foram.
     A tradução é minha.
Aquellas pequeñas cosas
Joan Manuel Serrat
     Uno se cree       A gente acredita
que las mató      que as matou
el tiempo y la ausencia      O tempo e a ausência   
Pero su tren      Mas seu trem
       vendió boleto      Vendeu passagem
 de ida y vuelta      De ida e volta    

Son aquellas pequeñas cosas      São aquelas pequenas coisas 
   que nos dejó un tiempo de rosas      que nos deixou um tempo de rosas
en un rincón      em um canto
 en un papel      em um papel
       o en un cajón      ou em uma gaveta

Como un ladrón      Como um ladrão
te acechan detrás de la puerta      te observam detrás da porta    
Te tienen tan      Te tem tanto  
a su merced      a sua mercê
como hojas muertas      como folhas mortas  
que el viento arrastra allá o aquí     que o vento arrasta lá ou aqui     

que te sonríen tristes y     que te sorriem tristes e
nos hacen que     nos fazem que
  lloremos cuando     choremos quando
     nadie nos ve.     ninguém nos vê.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Politicando

A guerra se espalha
Uma mulher se desespera na Turquia, depois de sua aldeia ser bombardeada. 

     Pra que serve a ONU hoje em dia?
     De que adianta termos uma organização, cujo principal objetivo é manter a paz, totalmente neutralizada pela principal potência militar mundial, que consegue manipular seu presidente, o insosso e inútil coreano Ban Ki Moon, que não trata de nenhum assunto internacional, se limitando a fazer declarações óbvias sobre a necessidade da paz e lamentando as vítimas da guerra, enquanto o representante dos Estados Unidos, John Kerry, assume seu lugar, viajando pelo mundo e tentando "negociar a paz" em guerras promovidas por eles mesmos?
     Até quando vamos sustentar esse enorme aparato representativo, cuja voz é totalmente ignorada pelas velhas potências imperialistas que não cessam de tentar moldar o mundo à feição dos seus interesses, financiando rebeliões e guerras, sempre no intuito de remover governos contrários à sua dominação.
     Essa perigosa política está chegando ao extremo no Oriente Médio, cujos conflitos não param de se expandir desde a última invasão do Iraque, em 2003.
     Quando os americanos se lançaram naquela aventura louca, liderados por George W. Bush, passando por cima de todas as resoluções da ONU, o velho ditador iraquiano, Sadam Hussein, cria dos americanos, disse que aquela seria a mãe de todas as guerras.
     Hoje, passados mais de dez anos, vemos que sua profecia vai se cumprindo, com a guerra se espalhando por todo a região e ameaçando a Turquia, cujo território engloba uma parte da Europa, assim como a África islâmica.
     Mas a loucura dos norte-americanos, que precisam desesperadamente vender armas para manter em funcionamento seu complexo-industrial-miliutar, não tem limites, e vai envolvendo toda a região numa espiral de horror e destruição.
     Até quando a insensatez imperialista será recompensada com a manutenção dessa situação? Não pode haver um ponto de inflexão nessa loucura que leve o conjunto das forças conflagradas naquela região a alcançar a superioridade em relação às forças combinadas da OTAN, levando as guerras regionais a ser tornarem um conflito de proporções maiores, envolvendo Europa, América do Norte, África do Norte e talvez a Ásia, incluindo China, Rússia e a península coreana?
     O fato é que a necessidade de manter um clima de beligerância, para financiar a indústria armamentista e as ambições de poder ocidentais, deve encontrar o seu limite, na medida em que a união dos que resistem se tornar mais poderosa do que as forças que provocam os conflitos.
     É uma lógica simples. A Alemanha era a potência mais poderosa do mundo no anos 1930 e junto com o Japão formou uma alinaça militar considerada invencível, até que o resto do planeta se uniu para derrotá-la.
     O problema para nós, brasileiros, não se limita a lamentar pela carnificina que desfila diariamente pelos nossos televisores, mas temer pela possibilidade real de que eles resolvam vir para cá, nos envolver nesse conflito que não cessa de se expandir, fomentado pelo cinismo do governo Obama, que segue enviando seu Secretário de Estado, como se ele tivesse o mandato de representante do mundo, para representar o espetáculo da diplomacia, em substituição às Nações Unidas. Um triste espetáculo de fraudes e mentiras, destinado a ocupar os espaços da mídia, subserviente a eles, enquanto por trás dos bastidores são armados mais e mais conflitos.
     Que Deus proteja o Brasil e a América Latina dessa gente.
     

Destaque



Fundação


     
     Acabo de reler a trilogia de Isaac Asimov, Fundação (editora Aleph, São Paulo, 2013), com tradução de Marcelo Barbão
     A obra, um clássico da ficção científica foi escrita na década de 1950 e é composta pelos livros; Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação. 
     Mais do que uma história sobre o futuro das tecnologias espaciais, Fundação fala da possibilidade de mudar a mente dos seres humanos, através de uma evolução contínua, e também da possibilidade de estudar a história como uma ciência previsível, embora aleatória, através do estudo da estatística, principalmente.
     Embora a obra tenha ficado ultrapassada em vários aspectos (seus personagens, fumam o tempo todo e as mulheres tem um papel secundário), e dê muita importância a formas de energia que hoje já consideramos perigosas e ultrapassadas, como a energia nuclear, Asimov toca em pontos que ainda são território inexplorado (ou muito pouco explorado) para nossa civilização, como a possibilidade de manipulação da mente e das emoções.
     Vemos a todo momento nas redes sociais protestos contra a manipulação exercida pela Rede Globo de Televisão e pela mídia em geral, apelidada de por Paulo Henrique Amorim de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Ou seja, sabemos que estamos sendo manipulados e nos levantamos contra isso. Mais ainda, agora sabemos que estamos sendo vigiados através dos nossos aparelhos de comunicação, sejam computadores, telefones e também de câmeras nas ruas, shopings e lojas, e nos acostumamos a isso e sabemos também que por trás dessa vigilância e manipulação existem interesses, na maioria das vezes contrários ao interesse público.
     Mas isso não impede que o desejo maior de liberdade e democracia permaneça e cresça na nossa sociedade. 
     Apesar de tudo, dedica-se muito pouco tempo a discutir essas questões, que passam pela educação ruim e escolástica (que não ensina a pensar) e pela falta de controle democrático das nossas comunicações, que permanecem dominadas por famílias que as utilizam para manter poderes e privilégios.
     Ainda estamos na fase de discutir deficiencias em infraestrutura, serviços públicos deficientes e desigualdades sociais, e vamos deixando esses problemas para depois, sem atentar que através da manipulação dos corações e mentes é que se mantém os privilégios e a corrupção, causa maior das injustiças e das desigualdades.
     É neste ponto que a obra de Asimov avança, nos abrindo um território ainda muito pouco explorado. vejam este trecho:

     Todo ser humano vive por trás de uma parede impenetrável de névoa asfixiante dentro da qual só ele existe. Ocasionalmente, surgiam os vagos sinais de dentro da caverna onde localizava-se outro homem - para que cada um pudesse caminhar, tateando, na direção do outro, e sentiam desde a infãncia os terrores e inseguranças daquele isolamento completo... havia o medo de um homem contra o outro, a avidez selvagem de um homem contra o outro.
     Os pés, por dezenas de milhares de anos, patinavam e se arrastavam na lama - retendo as mentes que, durante este tempo, já estavam prontas para as estrelas.
     De forma implacável, o Homem instintivamente procurou superar as barreiras da prisão do discurso comum. Semântica, lógica simbólica, psicanálise, - todos tinham sido instrumento através dos quais o discurso poderia ser tanto refinado quanto evitado.

     Este é o tema central do livro, a capacidade de comunicação do homem, o desenvolvimento da mente, muito acima do desenvolvimento das tecnologias físicas e a possibilidade de usar o poder de manipular as mentes para exercer o poder.
     É, antes de mais nada, um tratado de política, que envolve a experiência histórico de muitos impérios que já passaram pela face da Terra, projetados para um futuro onde a humanidade estará espalhada por bilhões de planetas.
     Uma obra prima da ficção científica. 

    Isaac Asimov, foi um escritor e bioquímico americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica. Nascimento: 2 de janeiro de 1920, Petrovichi, Rússia.
Falecimento: 6 de abril de 1992, Nova Iorque, Estados Unidos.

Rapidinhas

Recanto do Ócio
     Meu velho amigo, José Mário, junto com seu companheiro Alberto e o casal Kátia e Lucas, abriram o restaurante e bar Recanto do Ócio, localizado no Povoado da Choça (atrás da Lagoa das Flores), em Vitória da Conquista.
     Não se trata de mais um barzinho, mas de um restaurante autorizado e fiscalizado pela vigilância sanitária, que exigiu deles uma série de condicionantes para fornecer o alvará, inclusive um curso de culinária no Senac, feito por Alberto, como se já não bastasse sua velha habilidade na cozinha.


     O restaurante que conta com palco para apresentações musicais e cobertura para atender a mais de 200 pessoas simultaneamente, tem se destacado nos finais de semana como uma opção para quem quer sair da cidade e curtir uma autêntica comida da roça, feita no fogão à lenha, com destaque para uma galinha caipira, criada lá mesmo, e ovos de codorna, também colhidos de animais criados por eles. Tudo sob o olhar atento de Zé Mário com sua conhecida mania de limpeza.

     O restaurante atende grandes grupos e confraternizações, mediante combinação prévia, pelos telefones (77)8801-6669; 8873-7744 ou 8835-2337 
     O horário de funcionamento é às quintas e sextas, à noite, e aos sábados e domingos à partir das 11 da manhã. A cerveja é da Itaipava, sempre geladérrima. Uma delícia.
     Imperdível! 

Clipe da Semana

Tocando em frente

Hoje trazemos para vocês esta música belíssima de Almir Sater e Renato Teixeira, cantada por Almir Sater. A vida é isso aí mesmo. Um dia a gente chega, um dia vai embora e temos que ir tocando em frente pela longa estrada.



Poesia da Semana

Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Mário Quintana


domingo, 5 de janeiro de 2014

Politicando

Comissão incompleta

     A tal Comissão da Verdade, vem prestando grandes serviços ao Brasil, localizando corpos de desaparecidos políticos e torturadores ainda vivos, do tempo da ditadura militar.
     Até os assassinatos de ex-presidentes, como João Goulart e Juscelino Kubitcheck passaram pelo crivo da comissão, restabelecendo a verdade sobre inúmeros fatos, acorbertados pelas mentiras da direita durante décadas.
     Demorou, mas finalmente os políticos tiveram coragem de encarar os militares brasileiros e levantar o véu que escondia seus crimes. A importância disso é muito maior do que se pensa. Basta observar os comentários políticos de saudosos da ditadura militar nas redes sociais ou nos sites de notícias, que ainda propagandeiam aqueles tempos terríveis como se fossem bons tempos, movendo uma eterna campanha contra o Congresso Nacional, que eles fecharam várias vezes, mas que, apesar de todas as falhas, ainda é a nossa garantia de representação democrática.
      Não é possível que as novas gerações, que vivem ligadas nas redes sociais, sejam doutrinadas por essas viúvas da ditadura militar, que se sentem livres para expressar o seu ódio pela democracia, ocultos pelo sigilo da internet. É preciso desmascará-los, mostrando ao povo brasileiro todos os crimes cometidos por esses fascistas.
     Mas acho estranho que essa comissão tenha uma data inicial. Só pode investigar os crimes cometidos a partir de 1946. Porque isso? A resposta é simples. Para conseguir o apoio do PDT e do PTB, herdeiros de Getúlio Vargas no parlamento brasileiro, que querem esconder os crimes de tortura, e até de colaboração com o regime de Adolf Hitler, do caudilho brasileiro e sua ditadura, que durou longos quinze anos e terminou em 1945.
     Vivem endeusando Getúlio nos seus programas partidários, mostrando que ele criou as leis trabalhistas, a Petrobrás e outras coisas boas que fez, mas escondem e fingem desconhecer as torturas comandas por Filinto Müller, seu terrível chefe de polícia, e colaborador da Alemanha nazista, que assassinou centenas de pessoas em colaboração com a Gestapo, inclusive enviando a comunista alemã Olga Benário, esposa de Luis Carlos Prestes, para um campo de concentração nazista, onde foi assassinada numa câmara de gás.
     Os próprios comunistas teriam contas a acertar coma justiça, como a do assassinato de uma de suas próprias militantes, conhecida como Elza, por ordem de Prestes. 
    Porque esquecer esse passado? Não é importante resgatar a verdade histórica sobre ele, mesmo que seus personagens já não estejam vivos, impedindo que essas situações se repitam?
     Poderíamos recuar mais ainda, investigando o passado de muitas famílias brasileiras que enriqueceram com o tráfico de escravos. Pelas nossos leis esses crimes já esão prescritos há mais de um século, mas resgtar a verdade nem tem só a finalidade de punir, mas também de prevenir, alertando as gerações futuras sobre como esses crimes foram perpetrados para evitar possam se repetir.
     Em visita ao Hospital Santa Isabel, em Salvador, fiquei chocado ao ver numa sala de espera o busto do fundador do hospital, cujo letreiro exaltava suas qualidades de benemérito, esclarecendo que sua fortuna era oriunda do tráfico de escravos africanos. Como se isso fosse uma coisa pitoresca.
     Numa cidade negra como salvador é de se perguntar onde está o movimento negro que não protesta contra esse tipo de homenagem? E o massacre de Canudos, vai continuar oculto sob as águas do açude de Cocorobó, até quando? Quando saberemos a verdade sobre aquele crime horrendo? E os massacres de índios, cometidos no início do século XX pelas empresas agrícolas encarregadas de desbravar o Paraná? Aliás, massacres de índios foram muitos no Brasil, assim como de escravos.
     A comissão da verdade não deveria ter limite inicial, mas estender-se até os limites da nossa história, pelo menos para que ela possa ser reescrita e sirva de testemunho para as futuras gerações.

      

Rapidinhas

Rapidinhas

Estranhas coincidências

     Para quem já leu meu livro Estação Paraíso, a novela da rede Globo, Além do Horizonte, apresentada no horário das 19,00 h. apresenta uma série de coincidências, muito estranhas com meu texto.
     Um grupo de jovens se inscreve em um grupo secreto, que desenvolve misteriosos trabalhos na Amazônia brasileira, próximo à fronteira colombiana. Alguns deles resolvem ir até lá investigar e começam a ser perseguidos pela organização, que recebe dinheiro de investidores estrangeiros para desenvolver pesquisas farmacêuticas clandestinas com a flora amazônica.
     Como no livro, há uma aldeia próxima à base do grupo e um misterioso líder que comanda a organização, sob um discurso messiânico de busca da felicidade, e agentes da Polícia Federal brasileira envolvidos na trama.
     A história não é igual, mas parece ter sido inspirada no livro. Faltou a honestidade para admitir isso nos crédios de abertura. 
Aqui se faz..
     Minha velha mãe, de insuspeita ascendência alemã, sempre disse que Michael Schumacher tinha mandado matar Airton Senna. Ela dizia que enquanto Senna esteve vivo o alemão nunca conseguiu ser campeão e que alguns europeus não podiam admitir a invencibilidade de um piloto brasileiro, o que equivaleria negar seus conceitos de superioridade cultural e até racial.
     É verdade que o acidente que matou Senna nunca foi convenientemente explicado. Como puderam colocar uma barra de direção defeituosa no carro de um campeão mundial?
     Estranho que o capacete de Airton Senna tenha se partido, provocando sua morte, da mesma forma que o de Shumacher, nesse também estranho acidente na pista de esqui.
     O fato é que esse alemão sempre foi um mau-caráter, que colocou como parceiro outro brasileiro, o patético Rubens Barrichello, só para humilhá-lo, reafirmando publicamente a superioridade alemã. 
    É evidente que ele estava em altíssima velocidade e fora da pista oficial de esqui, mas agora querem apresentá-lo como bonzinho, dizendo que ele saiu da pista permitida para ajudar uma criança acidentada.
     Quem quiser que acredite. 
Quem diria, a revolução egípcia acabou... no Irajá?

     A ditadura militar que o governo criminoso de Barack Obama colocou no poder no Egito, no lugar do presidente legitimamente eleito, Mohamed Mursi, entrou numa perigosa espiral de autoritarismo e violência contra seu próprio povo, apenas para garantir os interesses de Israel e dos Estados Unidos no oriente médio.
     Como no Brasil de 1964, a direita egípcia, manipulada pela CIA, organizou as manifestações populares que serviram de pretexto para a derrubada do presidente, o primeiro eleito democraticamente na história daquele país, e agora se arvora poderes legais e morais para julgá-lo por provocar a morte de manifestantes, este mesmo governo que já matou e prendeu milhares de manifestantes contra a ditadura.
     Como dizia o velho Marx, a história se repete: a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. E esta farsa não deve durar muito. O povo egípcio, que já derrubou a velha ditadura de Hosni Mubarak (que acaba de ser inocentado pela justiça egípcia), saberá continuar lutando até acabar com a influência nefasta do sionismo e do imperialismo americano sobre a terra dos faraós.  
Como pintos no lixo

     Ir à praia em Salvador virou um exercício de desvios de obstáculos, tal a quantidade de lixo.
     E não se trata de restos do reveillon, já recolhidos no dia seguinte, mas de lixo atirado pelos banhistas mesmo, já que não existem cestas adequadas para dispor os resíduos de tudo que se vende na areia, desde acarajé, peixe frito, toneladas de latinhas de cerveja, garrafas pet, sem falar nas fraldas desacartáveis e tudo mais que se possa imaginar.
     O inacreditável é que a população fica no meio do lixo, na maior satisfação, como se não estivesse vendo nada.
     Deve ser esse o resultado de 40 anos de dominação da direita, liderada pela família de Antonio Carlos Magalhães, mas não apenas ela. Os políticos daqui são os mesmos de quando eu morei na cidade pela primeira vez, 30 anos atrás, ou seus filhos e netos. O incrível é que os políticos são todos brancos, numa terra de negros.
     A cidade é um favelão, mas aqui ninguém chama isso de favela, mas de bairros. A velha elite branca continua vivendo no luxo das suas mansões e a classe média emergente nos seus condomínios com clube. Enquanto isso a direita manipula o povo através da Rede Bahia de Televisão, afiliada da Globo e pertencente à família de ACM, numa contínua alienação através do futebol, religião e axé music (ou arrocha, já nem sei a diferença).
     O povo acostumado a viver no meio do lixo nas favelas, nem nota a diferença nas praias. E tome-lhe cerveja pra esquecer. O pior é que não enxergam a merda em que vivem e acham Salvador o máximo. Felizes como pintos no lixo.
    
  

Clipe da Semana

Cada um, cada um
Trazemos para vocês, neste início de 2014, a belíssima canção de Claudio Zoli, também conhecida como Namoradeira.
Bom proveito.

http://www.youtube.com/watch?v=anmRPUc8gz4

Poesia da Semana

A vingança da porta
Alberto de Oliveira

Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:

— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.

Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...

Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.

Alberto de Oliveira
(1857-1937) publicou seu primeiro livro de poesia, "Canções Românticas", em 1878. Na época, trabalhava como colaborador do Diário, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não chegou a conclui-lo. Na época, publicou "Meridionais" (1884), e em seguida "Sonetos e Poemas" (1886) e "Versos e Rimas" (1895). Foi inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897 tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou "Lira Acaciana" (1900), "Poesias" (1905), "Ramo de Árvore" (1922), entre outras obras poéticas. Foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978 foram publicadas suas "Poesias Completas". Alberto de Oliveira é um dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.