Comissão incompleta
A tal Comissão da Verdade, vem prestando grandes serviços ao Brasil, localizando corpos de desaparecidos políticos e torturadores ainda vivos, do tempo da ditadura militar.
Até os assassinatos de ex-presidentes, como João Goulart e Juscelino Kubitcheck passaram pelo crivo da comissão, restabelecendo a verdade sobre inúmeros fatos, acorbertados pelas mentiras da direita durante décadas.
Demorou, mas finalmente os políticos tiveram coragem de encarar os militares brasileiros e levantar o véu que escondia seus crimes. A importância disso é muito maior do que se pensa. Basta observar os comentários políticos de saudosos da ditadura militar nas redes sociais ou nos sites de notícias, que ainda propagandeiam aqueles tempos terríveis como se fossem bons tempos, movendo uma eterna campanha contra o Congresso Nacional, que eles fecharam várias vezes, mas que, apesar de todas as falhas, ainda é a nossa garantia de representação democrática.
Não é possível que as novas gerações, que vivem ligadas nas redes sociais, sejam doutrinadas por essas viúvas da ditadura militar, que se sentem livres para expressar o seu ódio pela democracia, ocultos pelo sigilo da internet. É preciso desmascará-los, mostrando ao povo brasileiro todos os crimes cometidos por esses fascistas.
Mas acho estranho que essa comissão tenha uma data inicial. Só pode investigar os crimes cometidos a partir de 1946. Porque isso? A resposta é simples. Para conseguir o apoio do PDT e do PTB, herdeiros de Getúlio Vargas no parlamento brasileiro, que querem esconder os crimes de tortura, e até de colaboração com o regime de Adolf Hitler, do caudilho brasileiro e sua ditadura, que durou longos quinze anos e terminou em 1945.
Vivem endeusando Getúlio nos seus programas partidários, mostrando que ele criou as leis trabalhistas, a Petrobrás e outras coisas boas que fez, mas escondem e fingem desconhecer as torturas comandas por Filinto Müller, seu terrível chefe de polícia, e colaborador da Alemanha nazista, que assassinou centenas de pessoas em colaboração com a Gestapo, inclusive enviando a comunista alemã Olga Benário, esposa de Luis Carlos Prestes, para um campo de concentração nazista, onde foi assassinada numa câmara de gás.
Os próprios comunistas teriam contas a acertar coma justiça, como a do assassinato de uma de suas próprias militantes, conhecida como Elza, por ordem de Prestes.
Porque esquecer esse passado? Não é importante resgatar a verdade histórica sobre ele, mesmo que seus personagens já não estejam vivos, impedindo que essas situações se repitam?
Poderíamos recuar mais ainda, investigando o passado de muitas famílias brasileiras que enriqueceram com o tráfico de escravos. Pelas nossos leis esses crimes já esão prescritos há mais de um século, mas resgtar a verdade nem tem só a finalidade de punir, mas também de prevenir, alertando as gerações futuras sobre como esses crimes foram perpetrados para evitar possam se repetir.
Em visita ao Hospital Santa Isabel, em Salvador, fiquei chocado ao ver numa sala de espera o busto do fundador do hospital, cujo letreiro exaltava suas qualidades de benemérito, esclarecendo que sua fortuna era oriunda do tráfico de escravos africanos. Como se isso fosse uma coisa pitoresca.
Numa cidade negra como salvador é de se perguntar onde está o movimento negro que não protesta contra esse tipo de homenagem? E o massacre de Canudos, vai continuar oculto sob as águas do açude de Cocorobó, até quando? Quando saberemos a verdade sobre aquele crime horrendo? E os massacres de índios, cometidos no início do século XX pelas empresas agrícolas encarregadas de desbravar o Paraná? Aliás, massacres de índios foram muitos no Brasil, assim como de escravos.
A comissão da verdade não deveria ter limite inicial, mas estender-se até os limites da nossa história, pelo menos para que ela possa ser reescrita e sirva de testemunho para as futuras gerações.
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