segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Destaque



Fundação


     
     Acabo de reler a trilogia de Isaac Asimov, Fundação (editora Aleph, São Paulo, 2013), com tradução de Marcelo Barbão
     A obra, um clássico da ficção científica foi escrita na década de 1950 e é composta pelos livros; Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação. 
     Mais do que uma história sobre o futuro das tecnologias espaciais, Fundação fala da possibilidade de mudar a mente dos seres humanos, através de uma evolução contínua, e também da possibilidade de estudar a história como uma ciência previsível, embora aleatória, através do estudo da estatística, principalmente.
     Embora a obra tenha ficado ultrapassada em vários aspectos (seus personagens, fumam o tempo todo e as mulheres tem um papel secundário), e dê muita importância a formas de energia que hoje já consideramos perigosas e ultrapassadas, como a energia nuclear, Asimov toca em pontos que ainda são território inexplorado (ou muito pouco explorado) para nossa civilização, como a possibilidade de manipulação da mente e das emoções.
     Vemos a todo momento nas redes sociais protestos contra a manipulação exercida pela Rede Globo de Televisão e pela mídia em geral, apelidada de por Paulo Henrique Amorim de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Ou seja, sabemos que estamos sendo manipulados e nos levantamos contra isso. Mais ainda, agora sabemos que estamos sendo vigiados através dos nossos aparelhos de comunicação, sejam computadores, telefones e também de câmeras nas ruas, shopings e lojas, e nos acostumamos a isso e sabemos também que por trás dessa vigilância e manipulação existem interesses, na maioria das vezes contrários ao interesse público.
     Mas isso não impede que o desejo maior de liberdade e democracia permaneça e cresça na nossa sociedade. 
     Apesar de tudo, dedica-se muito pouco tempo a discutir essas questões, que passam pela educação ruim e escolástica (que não ensina a pensar) e pela falta de controle democrático das nossas comunicações, que permanecem dominadas por famílias que as utilizam para manter poderes e privilégios.
     Ainda estamos na fase de discutir deficiencias em infraestrutura, serviços públicos deficientes e desigualdades sociais, e vamos deixando esses problemas para depois, sem atentar que através da manipulação dos corações e mentes é que se mantém os privilégios e a corrupção, causa maior das injustiças e das desigualdades.
     É neste ponto que a obra de Asimov avança, nos abrindo um território ainda muito pouco explorado. vejam este trecho:

     Todo ser humano vive por trás de uma parede impenetrável de névoa asfixiante dentro da qual só ele existe. Ocasionalmente, surgiam os vagos sinais de dentro da caverna onde localizava-se outro homem - para que cada um pudesse caminhar, tateando, na direção do outro, e sentiam desde a infãncia os terrores e inseguranças daquele isolamento completo... havia o medo de um homem contra o outro, a avidez selvagem de um homem contra o outro.
     Os pés, por dezenas de milhares de anos, patinavam e se arrastavam na lama - retendo as mentes que, durante este tempo, já estavam prontas para as estrelas.
     De forma implacável, o Homem instintivamente procurou superar as barreiras da prisão do discurso comum. Semântica, lógica simbólica, psicanálise, - todos tinham sido instrumento através dos quais o discurso poderia ser tanto refinado quanto evitado.

     Este é o tema central do livro, a capacidade de comunicação do homem, o desenvolvimento da mente, muito acima do desenvolvimento das tecnologias físicas e a possibilidade de usar o poder de manipular as mentes para exercer o poder.
     É, antes de mais nada, um tratado de política, que envolve a experiência histórico de muitos impérios que já passaram pela face da Terra, projetados para um futuro onde a humanidade estará espalhada por bilhões de planetas.
     Uma obra prima da ficção científica. 

    Isaac Asimov, foi um escritor e bioquímico americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica. Nascimento: 2 de janeiro de 1920, Petrovichi, Rússia.
Falecimento: 6 de abril de 1992, Nova Iorque, Estados Unidos.

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