terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

POLITICANDO

O Ovo da Serpente


     Este é o título do filme de Ingmar Bergman, o diretor sueco, realizado em 1977, que tratava do surgimento do nazismo numa Alemanha em crise. Ele mostra como no meio das crises, oportunistas se aproveitam para ir gestando situações em que as grandes massas comecem a descrer na democracia e acreditar que só uma "solução" militarista pode resolver os problemas. Na Alemanha o "ovo" chocou e o bicho que saiu lá de dentro foi o nazismo, liderado pelo louco Adolf Hitler, responsável pela morte de 40 milhões de seres humanos na segunda guerra mundial.
     No Brasil de hoje, apesar de não vivermos uma crise como a Alemanha dos anos 20, com inflação altíssima e desemprego em massa, vemos uma intensa campanha para fazer o povo descrer nos políticos e no  governo, tentando alimentar uma espécie de "indignação moralista" que sempre acaba em desastres, como no governo de Janio Quadros e sua vassoura, que iria "limpar o Brasil, ou de Fernando Collor e sua "caça aos marajás", que anunciava o fim das mordomias dos políticos.
     O que vemos na internet é uma campanha orquestrada contra o governo Dilma, centrada nos jogos da Copa, mas também tentando reacender os protestos de junho do ano passado que começaram com reivindicações justas e passaram a ser dominados por bandos de gente mascarada e perigosa, cujas ligações com o crime organizado e os políticos de direita foram aparecendo aos poucos.
     Agora a direita fascista, que estava calada desde a redemocratrização de 1984, começa a tirar a máscara e mostrar as garras, propondo abertamente um golpe de estado para a implantação de uma ditadura, com posts no Facebook incitando o apoio a um golpe militar.

Post difundido esta semana no Facebook
      Na TV aberta, uma jornalista do SBT também tirou a máscara e passou a defender abertamente atitudes racistas e ilegais contra bandidos, apoiando o fato de uma milícia à serviço de comerciantes ter acorrentado um homem negro e nu a um poste, no Rio de janeiro, depois de aplicar-lhe uma surra, revivendo cenas que pensávamos estar extintas desde a abolição da escravidão no Brasil, em 1888.
O negro acorrentado e a jornalista fascista do SBT

     Poucos dias depois a cena se repetiu, desta vez na cidade do Crato, no Ceará, contra outro negro, desta vez um desequilibrado mental, que passou várias horas pedindo socorro enquanto uma população atônita o observava, sendo impedida de ajudá-lo por dois homens que se diziam "justiceiros".
 O negro acorrentado no Crato

     Outros fatos vieram se somar a esses absurdos, como o deputado Jair Bolsanaro, notório representante fascista no parlamento brasileiro, se propor a ingressar nas Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, já dominada por um oportunista homofóbico, que se diz pastor de uma seita religiosa, o deputado Marcos feliciano, para combater a luta dos gays por seus direitos civis.
     Na mesma semana, um mascarado matou com um rojão um cinegrafista da TV Bandeirantes, durante uma manifestação no Rio de Janeiro.
Momento em que o cinegrafista da Band é atingido na cabeça pelo rojão.
 
     Tudo indica que estamos diante de um ressurgimento da ultra-direita no Brasil, que tenta se apropriar das manifestações justas da população contra a corrupção e a má qualidade dos serviços públicos, para tentar promover um golpe de estado que liquidaria com nossa liberdade e democracia, ressuscitando a velha e corrupta ditadura militar.
     É interessante observar as manifestações que vem ocorrendo pelo mundo, muitas delas manipuladas pelos serviços secretos norte-americanos que infiltram agentes para se passar por revolucionários e derrubar governos contrários aos seus interesses políticos e econômicos. 
     Foi o caso do Egito, onde a indignação da população foi manipulada para derrubar um governo legítimo, o primeiro eleito pelo povo naquele país em toda sua história, para reestabelecer a ditadura militar que o próprio povo havia derrubado um ano antes. Mas o presidente eleito, Mohamed Mursi, estava se aproximando do Irã, inimigo de americanos e israelenses, então era preciso derrubá-lo, fazendo parecer que era o próprio povo que assim o desejava. Os egípcios, embriagados pelas força de suas próprias manifestações, não perceberam que estavam sendo manipulados e perderam tudo.
     Na Ucrânia, país riquíssimo, considerado o "celeiro da Europa", situado entre a Rússia e a União Européia, a direita minoritária luta para derrubar um presidente legitimamente eleito para empossar uma líder de direita derrotada nas urnas, por ser à favor do ocidente. Lá eles pedem novas eleições.
     Já na Tailândia, a direita também minoritária luta para derrubar a primeira-ministra eleita, mas ao contrário não aceita novas eleições, por saber que vai perder.
     Esse panorama mostra que o governo Obama e seus aliados ocidentais (União Européia e Japão) mudaram de tática, trocando as impopulares intervenções militares do governo Bush, pela velha técnica de contra-insurgência, que consiste basicamente em infiltrar agentes nos movimentos populares para direcioná-los à favor dos seus interesses e quando preciso assassinar líderes autênticos.
     Isso foi usado no Brasil em 1964 para promover as rebeliões de soldados, que acabaram levando os oficiais, chocados com a quebra da hierarquia militar, a apoiar o golpe. Os americanos tinham um agente infiltrado no movimento dos marinheiros rebeldes, o famoso Cabo Anselmo, que fez o serviço direitinho .
Cabo Anselmo, o agente da CIA que estimulava a rebeldia dos marinheiros.

     Houve também um padre irlandês, o famoso Padre Peyton, que organizou as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que conquistaram o apoio da classe média, assustada com os planos de reformas do presidente João Goulart.
 O padre Peyton que manipulou os católicos a favor do golpe de 64, a serviço da CIA

     O presidente americano, Barack Obama, inicialmente visto como um líder que podia mudar o rumo da política americana, revelou-se um dos piores imperialistas de todos os tempos, espionando o mundo inteiro e estimulando as ações secretas da CIA para impedir os povos de alcançarem sua liberdade e independência. É claro que eles agem no Brasil, e estão por trás desse ressurgimento do militarismo fascista. Querem nos derrubar de novo, nos reduzir a uma grande colônia no momento em que estamos começando a crescer, a vencer as dificuldades deixadas pelos governos militares e usam de todos os meios para isso. 
     Eles temem o potencial do Brasil que ao se tornar um país desenvolvido certamente se tornará um competidor à altura para eles. 
     O ovo da serpente está novamente sendo chocado, pelas forças sinistras que sempre lutam contra a auto-determinação e o progresso dos povos. Cabe a você, leitor, ficar atento para não ajudar a aquecer esse ninho.

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