quinta-feira, 20 de março de 2014

POLITICANDO

O fim e o começo



     Para que coisas novas surjam, é preciso que as velhas desapareçam. Quase sempre as novidades começam a surgir no meio das ideias que vão perdendo força, estabelecendo um conflito até que comecem a predominar.
     Uma ideia, ou um conjunto de valores, podem se tornar hegemônicos durante muito tempo na sociedade humana, ou podem ser efêmeros, mas a cultura humana vai evoluindo, mesmo que seja aos trancos e barrancos. Por isso não vivemos mais em cavernas.
     Parece que estamos vivendo um momento desses, de transição. Vejam os fatos:
     Apesar da aparente vitória dos mensaleiros, conseguindo a absolvição da acusação de formação de quadrilha, a imagem do PT sai muito chamuscada do episódio. Se já era ruim com a condenação, piorou com a absolvição, pois passou a ideia de que houve um arranjo na nomeação dos juízes para livrar a cara dos condenados.
     A impressão que dá é que o PT e os políticos que combateram a ditadura, vivem seus últimos momentos, e vai chegando a hora de passar o bastão para uma nova geração. Mas quem são seus representantes? Quais são suas ideias? 
     Na Venezuela Chaves teve o bom senso de criar um grande partido de massas, unindo a esqureda no PSUV, Partido Socialista Unificado da Venezuela. Por isso  seu sucessor, Nicolás maduro, está tendo força para resistir às tentativas dos golpistas da direita, que agem com apoio explícito dos Estados Unidos. Mas no Brasil, ao contrário, cada vez temos mais partidos, e já não se sabe o que eles representam. O sistema de coligações eleitorais transformou tudo numa geleia geral, onde imperam os acordos espúrios.
     É o ambiente perfeito para o surgimento de algum salvador da pátria, o que é muito perigoso. As oposições ao PT não representam nada, a não ser as ambições pessoais de políticos oportunistas. Até Marina Silva, que ensaiou algumas ideias originais, foi engolida pela mesmice.
     No chamado "cenário internacional", a perda de influência dos Estados Unidos é gritante. Putin anexou a Crimeia numa boa, depois do golpe da extrema direita, articulado pelos americanos na Ucrânia. Cadê coragem pra enfrentar o grande urso? Todo mundo quietinho. As tais "sanções" americanas e europeias não passam de esperneio.
     Um avião da Malásia foi roubado na cara de todo mundo, num espaço aéreo super movimentado e as buscas se restringem as rotas aéreas tradicionais. Ora, se os sequestradores queriam sumir com o avião, é claro que eles não seguiram os corredores aéreos, mas se meteram no espaço onde não há controle, para pousar o gigante numa pista clandestina, recheá-lo de bombas e jogá-lo em cima de algum alvo, provavelmente cidades ou bases militares americanas ou israelenses.
     Mas ninguém consegue achá-lo, o que é uma indicação de que todo aparato militar do mundo pode ser furado por um bando de aventureiros bem treinados. Então todo esse poderio militar é só pra assustar os mais fracos? Não será isso um indício da falência de todo um sistema global de vigilância?
     Os manifestantes perderam o medo das polícias no mundo inteiro e agora os cidadãos estão perdendo o medo dos bandidos, com vários episódios de agressão a assaltantes pelas vítimas. 
     A safra de religiões messiânicas, que se intitulam evangélicas mas escondem muita gente salafrária, também vai perdendo força, a Igreja Católica se renova com um papa comprometido com mudanças importantes e apesar de tudo a espiritualidade ganha força, dentro e fora das religiões oficiais.
     A impressão é a de que tudo está falindo e novas coisas surgirão dentro em pouco, virando este mundo de cabeça para baixo. É como se estivéssemos experimentando os limites de uma era e o começo de outra.
     
 

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