Considerações sobre o carnaval em Rio de Contas
Passado mais um carnaval,
em que nossa pequena cidade histórica foi invadida por milhares de foliões,
produzindo toneladas de lixo, muita poluição sonora para os moradores e muitas
baixarias musicais, é hora de fazer um balanço.
Ao contrário de alguns, que
são contra o carnaval, sempre fui à favor de sua realização. Tampouco sou desses
"passadistas" que só gostam de marchinhas antigas. Acho que as coisas tem que
mudar, evoluir, acompanhar os tempos.
Então, pra não ficar só
criticando, aqui vão algumas sugestões para que os próximos carnavais possam ser
melhores:
1) Em primeiro lugar é
preciso tirar os automóveis da cidade, exceção feita para os carros dos
moradores, é claro, que poderiam receber um crachá para poderem entrar e
sair.
O melhor é que se criasse
uma grande estacionamento fora da cidade, e se colocasse um "trenzinho", ou uma
jardineira, algo assim mesmo bem rústico, para levar os turistas para as casas
alugadas. Assim se mataria dois coelhos de uma só vez. A cidade ficaria livre do
"som automotivo", que inferniza quem não aluga suas casas, e dos
engarrafamentos.
Isso também facilitaria o
trânsito das viaturas da polícia e do SAMU, que este ano não conseguiam trafegar
devido ao atravancamento dos carros.
Estive em Jericoacoara, no
Ceará, e lá existe uma jardineira dessas para levar os turistas, do
estacionamento para os hotéis e pousadas (foto acima). Posso garantir que os
turistas adoram. Começam logo a tirar fotos na jardineira, que faz parte do
ambiente diferenciado.
2) É preciso também ter um
plano de contingência para caso de ocorrer um incêndio, que poderia destruir
nosso patrimônio histórico, o patrimônio particular de moradores e turistas,
além de ameaçar a própria vida dos foliões. Olhem o exemplo da boate Kiss, em
Santa Maria. Não dá pra imaginar que nunca vá acontecer, inclusive porque muitos
vendedores ambulantes trabalham com bujões de gás em barracas de lona. O certo é
ter um plano de fuga e um carro de bombeiro a postos.
3) Bom, outra sugestão é
quanto a qualidade das músicas. Reclamação já antiga. As baixarias musicais
atraem um tipo de público também de baixa índole moral. É isso que temos visto.
Na segunda-feira, uma banda tocava uma música que dizia o seguinte:
A periguete te boca, a
piriguete quer boquete, quer boquete, quer boquete...
O que dizer a respeito?
Como levar sua família para um carnaval deste nível? Será que não há nada
melhor? Nem em Salvador se vê tanta baixaria como em Rio de Contas.
Nada impede a prefeitura de
estabelecer cláusulas no contrato das bandas impedindo músicas deste tipo,
ofensivas às famílias da cidade. Até que ponto vamos aguentar tudo
isso?
Não se trata de querer
apenas músicas antigas, mas será que não existem músicas novas melhores do que
isso? Porque não fazer um concurso de marchinhas de carnaval com os músicos
locais, cujas vencedoras fossem também tocadas, junto com os sucessos do
carnaval de Salvador?
4) Por último gostaria de
resssaltar a diferença entre os três primeiros dias, com a abertura , o Rei
Momo, etc e tal, os bailes à Fantasia e Vermelho e Preto, tradicionais da
cidade, quando se pode ainda curtir um carnaval gostoso e descontraído, e o caos
que se estabelece depois que o palco principal começa a tocar as porcarias de
sempre.