quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DESTAQUE


A Luz e a Escuridão


     Do céu ao inferno em uma semana, este é o carnaval na cidade de Rio de Contas. Da entrega das chaves ao rei momo na quarta-feira, no primeiro dia, à quarta feira de cinzas, na saída dos foliões, a pacata joia da Chapada passa por um processo de mutação incrível: as marchinhas, máscaras e bonecos vão dando espaço ao barulho dos paredões e ao palco axé, onde “atrações” de péssima qualidade se apresentam – salvo a banda Lordão – entre o sábado e a terça-feira.

     Quem participou dos festejos carnavalescos na quarta, quinta e sexta, como eu, pôde vibrar e se divertir muito ao som das bandas de sopro e do Pequi Elétrico que animou o Centro Histórico com marchinhas e frevos. 
     Na quarta-feira, quando da entrega das chaves ao rei da folia, uma banda de sopros e bonecos sai pelas ruas da cidade, arrastando muita gente. Moradores saúdam o rei momo das janelas.


     Na Quinta-feira, a cidade começa a receber seus convidados, presenteando-os com um incrível baile à fantasia onde as pessoas se divertem e se transformam com seus trajes: tinha Kiko do Chaves com sua bola, piratas, mulher gato, estudantes, dançarinas, árabes e muitas outras fantasias. Claro que não faltou o tradicional grupo de homens transvestidos com muita desenvoltura de alguns mais atirados. 


     Sexta-feira o baile vermelho e preto também foi um grande sucesso. Ainda neste dia, comecei a receber os clientes que alugaram as casas para o carnaval. 


     A cidade começava a tomar outra forma, uma espécie de invasão começava. As ruas lotadas de carros, numa competição de quem tinha o melhor som, uma coisa inimaginável. Como se não bastasse a falta de limite de decibéis, a qualidade musical era de fazer os jazigos tremerem no cemitério da entrada da cidade. Rio de Contas começava a perder sua identidade e transformar-se numa cidade sem lei. Carros estacionados pra todo lado fechando ruas e becos, casas lotadas – a mais animada foi a Bataklan, próxima à Prefeitura – onde seus “moradores”, umas sessenta pessoas, subiam nos tetos dos carros, seminuas, enquanto bebiam todas as schins da cidade. 

     À Prefeitura restou sitiar a nossa Jóia da Chapada, privatizar e cobrar seu estacionamento, ouvir os paredões abalar as estruturas dos casarões históricos, contratar atrações de qualidade duvidosa, alugar a Praça do Landim para uma festa “in door” e fechar um contrato de exclusividade com a Schin. Será que é este tipo de festa que o povo da cidade deseja e merece?! Pelo que vi não: trata-se de uma festa de interesse pessoal, onde o povo não opina em nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário