Enquanto isso, em Portugal...
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Tempestade Amazônica
POESIA DA SEMANA
Tempestade Amazônica
O calor asfixia e o ar escurece. O rio,
Quieto, não tem uma onda. Os insetos na mata
Zumbem tontos de medo. E o pássaro, o sombrio
Da floresta procura, onde a chuva não bata.
Súbito, o raio estala. O vento zune. Um frio
De terror tudo invade... E o temporal desata
As peias pelo espaço e, bufando, bravio,
O arvoredo retorce e as folhas arrebata.
O anoso buriti curva a copa, e farfalha.
Aves rodam no céu, num estéril esforço,
Entre nuvens de folha e fragmentos de palha.
No alto o trovão repousa e em baixo a mata brama.
Ruge em meio a amplidão. Das nuvens pelo dorso
Correm serpes de fogo. E a chuva se derrama...
Humberto de Campos
Cuide bem do seu amor
CLIPE DA SEMANA
Cuide bem do seu amor
Nas pegadas de Rondon
DESTAQUE
Nas pegadas de Rondon
Acabo de ler este livro, de autoria de Hélio J. Bucker e Ivete B. Bucker, editado pela Entrelinhas Cuiabá, 2005). Trata-se de um relato de vida e de trabalho do casal Bucker, ele funcionário do SPI/Funai, entre 1948 e 1970, e ela, sua esposa que o acompanhou na sua luta pela defesa dos índios brasileiros.
O livro, narrado em tom de memórias, alternadamente por Hélio e Ivete, é muito esclarecedor sobre as políticas indigenistas praticadas no Brasil, ao longo do século XX, inclusive com suas variações devidas à diferentes contextos políticos.
Além de sua história pessoal, o que inclui seu namoro e casamento, a narrativa do casal nos leva a seus primeiros trabalhos em postos indígenas de Mato Grosso (quando ainda não havia a divisão que criou Mato Grosso do Sul), enfrentando todo tipo de dificuldades, desde falta de apoio oficial, passando por denúncias contra funcionários corruptos, até a convivência com animais peçonhentos, como imensas aranhas caranguejeiras, nos postos indígenas em que viveram.
Em meio a este quadro, Hélio, com a inestimável ajuda de Ivete, desenvolveu seu trabalho e formou sua família de quatro filhos, sendo que o mais velho deles, também chamado Hélio, tornou-se um sertanista e funcionário da Funai.
Bem diferente dos relatos dos antropólogos, este livro nos relata fatos, vividos pelos seus autores, e suas impressões sobre eles, além de nos dar indicações preciosas sobre várias tribos indígenas brasileiras, tanto do oeste brasileiro, quanto dos Pataxó, da Bahia, onde Hélio serviu.
Costumes dos índios Terena, Nambikwara, Bororo, Pataxó, Xavante, Cinta-larga, Beiço de pau, Kadiwéu, Bakairi e Yanomami, os episódios envolvendo sua pacificação e algumas vezes massacres perpetrados contra eles por seringalistas e fazendeiros interessados em tomar suas terras, com apoio de políticos e militares, tornam o livro uma fonte preciosa de pesquisa.
Particularmente a denúncia contra a tomada das terras da reserva Caramuru, entre Itabuna e Canavieiras, no sul da Bahia,que segundo o autor foi orquestrada por plantadores de cacau com apoio do então governador Juraci Magalhães, do general Liberato de Carvalho e do deputado Manoel Novais, terras que pertenciam legalmente aos Pataxó que hoje lutam pela recuperação de uma das mais antigas reservas indígenas brasileiras, demarcadas.
Também a denúncia do massacre dos Beiço de Pau, em Barra do Corda, no Maranhão, perpetrados por matadores liderados por um tal Acácio, contratado por um grupo de japoneses que desejava se apropriar de suas terras e que dizimou uma tribo inteira misturando arsênico ao açúcar e farinha que deixaram nas margens de um rio para atraí-los.
Também relata o roubo das terras dos Kadiwéu, em Mato Grosso, por deputados da Assembléia Legislativa do Estado, liderados por seu presidente, Rachid Mamed, em 1931 e das práticas nocivas dos missionários religiosos, que proibiam os índios de cultuar sua religião, seus cânticos e tradições, muitas vezes reduzindo-os a meros servos de glebas roubadas deles e em seguida vendida pelas ordens religiosas, inclusive a estrangeiros. Dentre eles, os Salesianos parecem ter sido os piores.
O massacre da aldeia Haximu, dos Yanomami, nos dias 18 e 19 de agosto de 1993, por garimpeiros que invadiram sua reserva, no Pará, matando os homens a tiros de espingarda e as mulheres e crianças degolados com facões.
Fala da agonia dos Kaiowá, esbulhados de suas terras, vivendo errantes pelos restos de matas das fazendas, onde antes eram suas terras, sem vontade de viver, devido à falta de sentido das suas vidas, praticando regularmente o suicídio.
Mas também nos conta episódios de apoio e ajuda aos índios por funcionários exemplares do SPI/Funai, que dedicaram suas vidas à defesa de nossos indígenas e responsáveis pela salvação do que resta dos povos originais do Brasil.
Com este livro, encerro um ciclo de leitura sobre os índios, que me permitiu compreender um pouco mais a problemática da sua aculturação à sociedade brasileira.
Segundo Helio Bucker, a questão está em não tentar fazer com que eles deixem de ser índios, mas permitir que evoluam lentamente para um estágio que ele chamou de índios superiores, onde possam conservar sua identidade, e ao mesmo tempo se integrar como povos diferenciados na sociedade brasileira.
Uma leitura reveladora. O livro não é fácil de encontrar, mas pode ser achado em sebos virtuais.
Muito bom!
O livro, narrado em tom de memórias, alternadamente por Hélio e Ivete, é muito esclarecedor sobre as políticas indigenistas praticadas no Brasil, ao longo do século XX, inclusive com suas variações devidas à diferentes contextos políticos.
Além de sua história pessoal, o que inclui seu namoro e casamento, a narrativa do casal nos leva a seus primeiros trabalhos em postos indígenas de Mato Grosso (quando ainda não havia a divisão que criou Mato Grosso do Sul), enfrentando todo tipo de dificuldades, desde falta de apoio oficial, passando por denúncias contra funcionários corruptos, até a convivência com animais peçonhentos, como imensas aranhas caranguejeiras, nos postos indígenas em que viveram.
Em meio a este quadro, Hélio, com a inestimável ajuda de Ivete, desenvolveu seu trabalho e formou sua família de quatro filhos, sendo que o mais velho deles, também chamado Hélio, tornou-se um sertanista e funcionário da Funai.
Bem diferente dos relatos dos antropólogos, este livro nos relata fatos, vividos pelos seus autores, e suas impressões sobre eles, além de nos dar indicações preciosas sobre várias tribos indígenas brasileiras, tanto do oeste brasileiro, quanto dos Pataxó, da Bahia, onde Hélio serviu.
Costumes dos índios Terena, Nambikwara, Bororo, Pataxó, Xavante, Cinta-larga, Beiço de pau, Kadiwéu, Bakairi e Yanomami, os episódios envolvendo sua pacificação e algumas vezes massacres perpetrados contra eles por seringalistas e fazendeiros interessados em tomar suas terras, com apoio de políticos e militares, tornam o livro uma fonte preciosa de pesquisa.
Particularmente a denúncia contra a tomada das terras da reserva Caramuru, entre Itabuna e Canavieiras, no sul da Bahia,que segundo o autor foi orquestrada por plantadores de cacau com apoio do então governador Juraci Magalhães, do general Liberato de Carvalho e do deputado Manoel Novais, terras que pertenciam legalmente aos Pataxó que hoje lutam pela recuperação de uma das mais antigas reservas indígenas brasileiras, demarcadas.
Também a denúncia do massacre dos Beiço de Pau, em Barra do Corda, no Maranhão, perpetrados por matadores liderados por um tal Acácio, contratado por um grupo de japoneses que desejava se apropriar de suas terras e que dizimou uma tribo inteira misturando arsênico ao açúcar e farinha que deixaram nas margens de um rio para atraí-los.
Também relata o roubo das terras dos Kadiwéu, em Mato Grosso, por deputados da Assembléia Legislativa do Estado, liderados por seu presidente, Rachid Mamed, em 1931 e das práticas nocivas dos missionários religiosos, que proibiam os índios de cultuar sua religião, seus cânticos e tradições, muitas vezes reduzindo-os a meros servos de glebas roubadas deles e em seguida vendida pelas ordens religiosas, inclusive a estrangeiros. Dentre eles, os Salesianos parecem ter sido os piores.
O massacre da aldeia Haximu, dos Yanomami, nos dias 18 e 19 de agosto de 1993, por garimpeiros que invadiram sua reserva, no Pará, matando os homens a tiros de espingarda e as mulheres e crianças degolados com facões.
Fala da agonia dos Kaiowá, esbulhados de suas terras, vivendo errantes pelos restos de matas das fazendas, onde antes eram suas terras, sem vontade de viver, devido à falta de sentido das suas vidas, praticando regularmente o suicídio.
Mas também nos conta episódios de apoio e ajuda aos índios por funcionários exemplares do SPI/Funai, que dedicaram suas vidas à defesa de nossos indígenas e responsáveis pela salvação do que resta dos povos originais do Brasil.
Com este livro, encerro um ciclo de leitura sobre os índios, que me permitiu compreender um pouco mais a problemática da sua aculturação à sociedade brasileira.
Segundo Helio Bucker, a questão está em não tentar fazer com que eles deixem de ser índios, mas permitir que evoluam lentamente para um estágio que ele chamou de índios superiores, onde possam conservar sua identidade, e ao mesmo tempo se integrar como povos diferenciados na sociedade brasileira.
Uma leitura reveladora. O livro não é fácil de encontrar, mas pode ser achado em sebos virtuais.
Muito bom!
RAPIDINHAS
E se fosse conosco?
Ativistas do Greenpeace foram presos ao tentar escalar uma plataforma de petróleo russa e impedir seu funcionamento no oceano ártico. Dentre os presos está uma brasileira, que está respondendo processo em Moscou.
Imediatamente a imprensa brasileira ficou à favor dos ativistas, apresentando os russos como os grandes vilões da história. Só queria lembrar que essa organização não governamental, o Greenpeace, atua no mundo inteiro, menos nos Estados Unidos. Alguém viu os guerreiros do Raibow Warrior (o navio deles) protestando quando houve o grande vazamento de petróleo no golfo do México? Alguém já os viu escalando plataformas de petróleo americanas no Alaska? Porque será que eles só atuam em outros países? E se fosse aqui no Brasil, o que faríamos se eles tentassem impedir que as plataformas da Petrobrás funcionassem no pré-sal? Será que íamos ficar com peninha da bióloga brasileira?
Imaturo
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está jogando fora sua oportunidade de fazer um bom governo. Ao invés de lançar as bases de uma retomada da economia, dando uma feição nova ao seu governo, tenta de todas as formas se colocar como continuador de Chaves, promovendo o culto à sua personalidade e inventando bobagens como criar o Ministério da Suprema Felicidade.
O que a Venezuela precisa é de iniciativas no campo político e econômico capazes de relançar a economia e tirar o país da estagnação, aí sim, criando condições para uma nova era pós-Chaves.
Ficar idolatrando o passado não vai levá-los a lugar nenhum.
Hora de mudar
POLITICANDO
Hora de Mudar
Já se passaram mais de três meses das grandes jornadas de protesto de junho, no Brasil, e os políticos ainda não conseguiram reagir positivamente à indignação da sociedade.
Apenas a presidente Dilma, pareceu mostrar sensibilidade em relação às reivindicações populares, lançando um gigantesco pacote de mobilidade urbana e propondo uma revisão da Constituição brasileira, logo rejeitada pelas elites e substituída pela idéia de um plebiscito, que também foi jogada discretamente para debaixo do tapete.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, parece estar se vingando dos manifestantes que o obrigaram a recuar no aumento de 20 centavos no transporte público, lançando um brutal aumento do IPTU na capital, demonstrando claramente sua insensibilidade política ao insistir em medidas autoritárias, que vão na contramão das reivindicações da sociedade.
Com isso só conseguirá dificultar ainda mais a já difícil tarefa do PT de eleger Alexandre Padilha para o lugar do picolé de chuchú, Geraldo Alckmin, tirando finalmente o controle do maior estado do país das mãos conservadoras do PSDB.
Os Black Blocks, estranho grupo de depredadores que se aproveitam da manifestações legítimas de protesto, parecem mais um grupo fascista, que atua sob os olhares complacentes da polícia. Se fossem comunistas já estariam todos presos, mas como usam roupas e bandeiras pretas, a cor dos fascistas italianos, parece que são deixados livres para agir, e só depois que causaram bastante prejuízo são reprimidos pela polícia.
Coincidência, ou estamos assistindo a ascensão de grupos de extrema direita, desesperados com sua incapacidade em vencer o predomínio das coligações de centro-esquerda, comandadas por Lula, nos últimos 10 anos? Não é estranho que o governador de São Paulo pertença a uma facção de extrema direita da igreja católica, a Opus Dei?
Enquanto a violência cresce, transformando protestos em verdadeiros atos terroristas, a urgente necessidade de reformas vai sendo sabotada pelos interesses corporativos dos políticos da base aliada, que as bloqueiam no Congresso. Afinal, o que é a tal base aliada senão um agrupamento de políticos de direita, corruptos e venais, vendidos ao governo em troca de cargos e outros benefícios?
O partido que parece mais sintonizado com os protestos legítimos (e excluo os blackblocks desta legitimidade), é o PSOL, que deve crescer bastante nas próximas eleições, se tiver o bom senso de lançar uma candidatura própria à presidência com nomes mais jovens do que o encarquilhado Plínio de Arruda Sampaio.
O país precisa de renovação e não de saudosismo e o PSOL tem bons nomes para uma candidatura alternativa, como Chico Alencar, Heloísa Helena e Randolfe Rodrigues, embora eu não acredite que nenhum deles vá trocar uma eleição garantida para a Câmara ou o Senado, por uma anticandidatura à presidência, sem maiores chances de sucesso.
As reivindicações populares por maior qualidade de vida, podem até estar sendo atendidas pela presidente Dilma, que se mostrou sensível a elas desde o princípio, mas o problema político causado pelas grandes coligações eleitorais que dão sobrevida a políticos notoriamente corruptos, como Maluf, Sarney e Collor, não poderão ser resolvidas sem uma reforma ampla.
Tampouco os problemas na educação e na saúde serão resolvidos com medidas paliativas, como o programa Mais Médicos ou o aumento das verbas para a educação, resultantes do pré-sal, se não forem feitas reformas profundas nessas duas áreas, enfrentando interesses poderosos que atualmente financiam as campanhas eleitorais do PT e seus aliados.
Estamos chegando a um ponto de estrangulamento na política nacional, em que não adiantará mais trocarmos o partido no poder se não forem resolvidos os gargalos que impedem uma verdadeira democratização e isso só ocorrerá com a eleição de uma Assembléia Constituinte Revisora Exclusiva, com mandato apenas para rever a Constituição, conforme proposta da presidente Dilma.
Entregar ao Congresso esta tarefa, significa cair no mesmo entrelaçamento de interesses que está impedindo o país de mudar e avançar, aperfeiçoando as suas instituições. Manter as coisas como estão é dar espaço para o crescimento da extrema-direita, que ameaça diretamente todas as nossas conquistas democráticas e sociais.
É hora da esquerda retomar seu protagonismo e lançar um programa de reformas afinado com as aspirações populares, se libertando dos políticos corruptos dentro e fora da base aliada (inclusive a quadrilha de Zé Dirceu e cia), articulando uma nova plataforma política, que seja capaz de construir o Brasil do futuro de paz, liberdade, qualidade de vida e dignidade, que a maioria deseja.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
EUA: UM ERRO ESTRATÉGICO
POLITICANDO
EUA: um erro estratégico
No início da década de 1990, logo após a queda do muro de Berlim, os Estados Unidos tiveram o mundo em suas mãos. Bill Clinton era um presidente admirado por todos, empenhado em acabar com os conflitos internacionais, num esforço que teve seu maior sucesso nas negociações de paz entre palestinos e israelenses.
O capitalismo havia triunfado sobre o socialismo e o mundo inteiro tentava se reciclar adotando políticas de livre mercado, em lugar das antigas economias planificadas. A liderança dos americanos era total. Não apenas militar, mas principalmente moral. Eles haviam vencido e mostrado ao mundo que o sistema deles era o melhor. Parecia ser apenas uma questão de tempo para que um mundo novo de paz e prosperidade surgisse das cinzas da guerra fria.
Mas um setor importante das elites norte-americanas não estava satisfeito: eram os fabricantes de armas, que só tinham a perder com um mundo pacífico, pois afinal eles viviam da guerra. E o percentual da indústria armamentista na economia dos Estados Unidos era muito grande para que eles simplesmente abandonassem o jogo e convertessem suas indústrias para a paz. Era preciso achar novos inimigos, para que mais e mais armas continuassem a ser produzidas e vendidas ao gigantesco aparelho militar do governo americano.
Logo veio a "guerra contra as drogas", que tentava convencer o mundo de que uma nova ameaça substituíra o comunismo e precisava ser combatida. Mas esse tema não justificava tantos gastos militares assim. Segundo o cineasta americano Oliver Stone, houve uma reunião em Washington, onde foi colocada a necessidade da expansão militar americana no planeta, para que a liderança política americana se convertesse numa dominação militar de fato, transformando o país num império de verdade.
Alguém falou, nesta reunião, que para justificar um aumento tão grande de gastos militares seria necessário "um novo Pearl Harbor", ou seja um ataque aos Estados Unidos em grande escala, que servisse de motivação para convencer os contribuintes a arcar com despesas astronômicas e intimidar o resto do mundo, de forma que todos os países se conformassem em se submeter ao poderio norte-americano.
Então aconteceu o 11 de setembro, o ataque às torres gêmeas.À partir daí tudo mudou. O orçamento militar foi ampliado sem restrições, a NSA começou a patrulhar o mundo inteiro, inclusive a vida de cidadãos norte-americanos e começou a ser instalada a grande ditadura mundial, sonhada pela direita republicana.
Se o ataque as torres gêmeas foi planejado pelos próprios americanos, como tantos insistem, não podemos saber, mas sabemos que aquele foi um pretexto perfeito para implantar um regime de espionagem mundial, um verdadeiro big brother, e aumentar as bases militares americanas no mundo chegando ao número absurdo de mais de 800 atualmente.
A estranha história da demora em prender o líder da Al Qaeda, Bin Laden, que já havia trabalhado para a CIA no Afeganistão durante a invasão soviética, e depois a mais estranha ainda, história da sua prisão e morte, seguida do inexplicável ocultamento do seu cadáver, deixou a forte impressão de que tudo não passava de uma encenação, para proteger e esconder o antigo colaborador dos Estados Unidos, impedindo que ele revelasse que foram os próprios americanos que mandaram destruir as torres.
A partir daí a guerra contra as drogas ficou em segundo plano e a guerra ao terrorismo tomou seu lugar. As grandes vítimas foram os países árabes, escolhidos como boi de piranha dos americanos, para que suas tropas atravessassem o rio da razão e ingressassem no território da insanidade total.
Mas a história não parou de avançar e hoje, com a transparência criada pela internet, está cada dia mais difícil esconder as coisas da população, cada dia mais bem informada e conectada.
De repente, um Edward Snowden revela a extensão da espionagem americana. O Wikileaks revela os crimes de guerra americanos no Iraque e muitas outras denúncias vão caindo na rede, desmoralizando o grande império, que perde rapidamente a sua liderança moral, permanecendo apenas como uma força opressora.
Mesmo economicamente os Estados Unidos, que em 1950 concentravam 50% da riqueza mundial, hoje não detém mais de 25 %, correndo o risco de perder o posto de maior potência econômica para a China em breve, atolados numa crise sem precedentes.
Um mundo multipolar surgiu da guerra fria e a estratégia americana de trocar sua liderança moral, que poderia ter construído uma sociedade global sob sua dominação política e econômica, por um planeta sob dominação militar, a cada dia se revela um grande erro estratégico.
Jogaram fora uma oportunidade histórica de liderar um mundo novo e estão se afundando no militarismo nacionalista mais anacrônico, ingressando numa decadência moral acelerada, que se revela nos constantes ataques a civis, perpetrados por indivíduos enlouquecidos, dentro do seu próprio território.
E não há liderança política ou militar que resista à decadência moral de um povo, obcecado pelo poder e pelo luxo. Muitos impérios já caíram seguindo esse script. Parece que agora é a vez deles. Obama, que chegou a despertar tantas esperanças de renovação na grande nação do norte, se tornou líder de um dos governos mais desmoralizados da história, pelas suas mentiras e pelo seu cinismo.
Quem viver verá.
Quem viver verá.
DOSSIÊ BOM SENSO FC
Troféu pra dupla BAVI
Meus amigos, com certeza, se não fosse o baixo nível do sistema defensivo de Bahia e Vitória, ambos teriam melhor sorte na série A do campeonato brasileiro. Basta imaginar uma zaga com Madson na lateral direita, Tite e Vitor Ramos no miolo da zaga e Tarracha na esquerda, completando o banco de reservas, Lucas Fonseca e Kadu. Juntos levaram 80 (oitenta) gols. Não é por acaso que estamos fazendo contas o tempo todo. O rubro-negro teve uma sobrevida com a chegada do Ney Franco, enquanto o tricolor está caindo pelas tabelas, perdendo hoje para o São Paulo pelo placa mínimo, com o time paulista tendo dois jogadores expulsos quase todo segundo tempo.
Conheça os detalhes do dossiê BOM SENSO F.C.
Paulo Calçade
Dia histórico no futebol brasileiro. Paulo André, Seedorf, Juninho Pernambucano, Cris e Dida reuniram-se com a direção da CBF para informar que o calendário de 2014 é inviável.
Além de tentar abrir os olhos da cartolagem para o
óbvio, o Bom Senso F. C., grupo hoje formado por quase 600 jogadores,
fundamentou suas reivindicações num dossiê muito bem elaborado.
Finalmente chegou a hora de debater o futebol
brasileiro. E de mudá-lo, desde que as propostas sejam benéficas para todos.
Veja o vídeo e conheça os detalhes do dossiê.
POESIA DA SEMANA
Nascimento do Poema
É preciso que venha de longe
do vento mais antigo
ou da morte
é preciso que venha impreciso
inesperado como a rosa
ou como o riso
o poema inecessário.
É preciso que ferido de amor
entre pombos
ou nas mansas colinas
que o ódio afaga
ele venha
sob o látego da insônia
morto e preservado.
E então desperta
para o rito da forma
lúcida
tranquila:
senhor do duplo reino
coroado
de sóis e luas.
do vento mais antigo
ou da morte
é preciso que venha impreciso
inesperado como a rosa
ou como o riso
o poema inecessário.
É preciso que ferido de amor
entre pombos
ou nas mansas colinas
que o ódio afaga
ele venha
sob o látego da insônia
morto e preservado.
E então desperta
para o rito da forma
lúcida
tranquila:
senhor do duplo reino
coroado
de sóis e luas.
Dora Ferreira da Silva
O COURO DOS ESPÍRITOS
DESTAQUE
O Couro dos Espíritos
Acabo de ler este livro, de autoria da antropóloga Betty Mindlin, com a colaboração de vários narradores indígenas da etnia Gavião-Ikolen, de Rondônia, dentre eles Digüt Tsorabá, Sebirop, Catarino e outros (Editora Terceiro Nome, São Paulo, 2001).
O livro recolhe as visões do mundo e da espiritualidade, contadas pelos índios da etnia Gavião-Ikolen e tem como subtítulo; "Namoro, pajés e cura entre os índios Gavião Ikolen de Rondônia".
Na verdade a leitura fez parte de uma pesquisa que estou fazendo para um trabalho de ficção histórica e eu queria entender o mundo do xamanismo indígena, do qual nunca tive a menor idéia, a não ser pelas coisas que aprendemos na escola primária, sobre Tupã, Jaci e outras figuras mitológicas, que não tem nada a ver com a realidade deste povo.
Dividido em cinco partes, (1) Amor, (2) Aqui, o além, (3) Os seres emergem, (4) Do lado de cá e (5) Terra e biografia; a obra trás relatos dos indígenas, sobre cada um desses temas, na sua característica construção verbal, bem diferente das narrativas a que estamos acostumados, com começo, meio e fim.
A narrativa indígena é muito mais linear, sem um clímax. Por isso às vezes se torna monótona para nós, não índios. Mas na medida em que conseguimos penetrar no seu cotidiano e, principalmente, no seu imaginário, vamos nos dando conta do mundo completamente diverso do nosso em que eles vivem.
Não é à tôa que nossas civilizações são tão incompatíveis. Os índios não separam o bem do mal, nem o mundo espiritual do material da maneira como nós o fazemos, baseados na tradição judaico-cristã. Eles convivem diariamente com o mundo espiritual, que está sempre presente e é traduzido pelo Pajé, (wawã na língua gavião) para a tribo.
O Wawã é escolhido pelos espíritos, que se comunicam com ele através de aparições, avisando-o de que deverá se tornar um pajé. Essa aparição se faz em forma de animais.
Segundo os Gavião, existe um mundo sob as águas dos rios, não dentro, mas sob as águas, em lugares secos, onde habitam os goihanei, espíritos das águas, que vivem lá em aldeias, com suas malocas, tendo família, mulheres e crianças e levando uma vida semelhante à nossa.
Existem também os Garpi, que são espíritos dos céus. Eles comandam as criaturas aladas. Gorá é o deus supremo, que vive também nos céus. Os dzerebãis são seres da floresta, espíritos inquietos que vivem em movimento e podem fazer mal aos humanos, e os Paitxoei que são os espíritos dos mortos, de humanos que já viveram e morreram e que vivem também em aldeias separadas.
A relação entre os espíritos e os animais é direta. Os goihanei controlam os animais que vivem na água, como os peixes, jacarés, etc. Os garpii (o duplo ii significa plural) controlam os pássaros e os dzerebãis dominam os grande animais terrestres, como a onça por exemplo.
Quando um índio encontra um animal que se comporta de forma diferente da habitual, significa que ele é um espírito encarnado, ou um espírito que entrou na pele (no couro) de um animal (daí o título).
Uma onça que não ataca, uma garça que pousa no telhado de uma casa, etc, são manifestações espirituais que prenunciam uma comunicação com o mundo dos vivos, feita através dos pajés, que são capazes de interpretá-las.
Não é um livro fácil de se ler, principalmente para quem está acostumado com estórias com começo-meio-e-fim. Mas ao lê-lo, encontrei algumas dificuldades extras, que prefiro não comentar aqui, mas que posso chamar de perturbações e confesso, tive que suspender a leitura.
Não sei se esse mundo do xamanismo me afetou de alguma forma ou se foi apenas uma coincidência, mas o fato é que só hoje consegui terminar a leitura, depois de me refugiar em lugar seguro, cercado de gente amiga e pronta para me socorrer caso eu tivesse alguma coisa de extraordinário.
Muito estranho para alguém como eu, de formação marxista (embora não materialista).
Pra quem tiver curiosidade e predisposição, trata-se de uma obra muito interessante e reveladora e que nos mostra como estamos distantes do mundo dos indígenas brasileiros.
O livro recolhe as visões do mundo e da espiritualidade, contadas pelos índios da etnia Gavião-Ikolen e tem como subtítulo; "Namoro, pajés e cura entre os índios Gavião Ikolen de Rondônia".
Na verdade a leitura fez parte de uma pesquisa que estou fazendo para um trabalho de ficção histórica e eu queria entender o mundo do xamanismo indígena, do qual nunca tive a menor idéia, a não ser pelas coisas que aprendemos na escola primária, sobre Tupã, Jaci e outras figuras mitológicas, que não tem nada a ver com a realidade deste povo.
Dividido em cinco partes, (1) Amor, (2) Aqui, o além, (3) Os seres emergem, (4) Do lado de cá e (5) Terra e biografia; a obra trás relatos dos indígenas, sobre cada um desses temas, na sua característica construção verbal, bem diferente das narrativas a que estamos acostumados, com começo, meio e fim.
A narrativa indígena é muito mais linear, sem um clímax. Por isso às vezes se torna monótona para nós, não índios. Mas na medida em que conseguimos penetrar no seu cotidiano e, principalmente, no seu imaginário, vamos nos dando conta do mundo completamente diverso do nosso em que eles vivem.
Não é à tôa que nossas civilizações são tão incompatíveis. Os índios não separam o bem do mal, nem o mundo espiritual do material da maneira como nós o fazemos, baseados na tradição judaico-cristã. Eles convivem diariamente com o mundo espiritual, que está sempre presente e é traduzido pelo Pajé, (wawã na língua gavião) para a tribo.
O Wawã é escolhido pelos espíritos, que se comunicam com ele através de aparições, avisando-o de que deverá se tornar um pajé. Essa aparição se faz em forma de animais.
Segundo os Gavião, existe um mundo sob as águas dos rios, não dentro, mas sob as águas, em lugares secos, onde habitam os goihanei, espíritos das águas, que vivem lá em aldeias, com suas malocas, tendo família, mulheres e crianças e levando uma vida semelhante à nossa.
Existem também os Garpi, que são espíritos dos céus. Eles comandam as criaturas aladas. Gorá é o deus supremo, que vive também nos céus. Os dzerebãis são seres da floresta, espíritos inquietos que vivem em movimento e podem fazer mal aos humanos, e os Paitxoei que são os espíritos dos mortos, de humanos que já viveram e morreram e que vivem também em aldeias separadas.
A relação entre os espíritos e os animais é direta. Os goihanei controlam os animais que vivem na água, como os peixes, jacarés, etc. Os garpii (o duplo ii significa plural) controlam os pássaros e os dzerebãis dominam os grande animais terrestres, como a onça por exemplo.
Quando um índio encontra um animal que se comporta de forma diferente da habitual, significa que ele é um espírito encarnado, ou um espírito que entrou na pele (no couro) de um animal (daí o título).
Uma onça que não ataca, uma garça que pousa no telhado de uma casa, etc, são manifestações espirituais que prenunciam uma comunicação com o mundo dos vivos, feita através dos pajés, que são capazes de interpretá-las.
Não é um livro fácil de se ler, principalmente para quem está acostumado com estórias com começo-meio-e-fim. Mas ao lê-lo, encontrei algumas dificuldades extras, que prefiro não comentar aqui, mas que posso chamar de perturbações e confesso, tive que suspender a leitura.
Não sei se esse mundo do xamanismo me afetou de alguma forma ou se foi apenas uma coincidência, mas o fato é que só hoje consegui terminar a leitura, depois de me refugiar em lugar seguro, cercado de gente amiga e pronta para me socorrer caso eu tivesse alguma coisa de extraordinário.
Muito estranho para alguém como eu, de formação marxista (embora não materialista).
Pra quem tiver curiosidade e predisposição, trata-se de uma obra muito interessante e reveladora e que nos mostra como estamos distantes do mundo dos indígenas brasileiros.
RAPIDINHAS
Pancadarias
Esses protestos contra tudo e contra todos já estão ficando ridículos. Não se trata mais de reivindicações, mas de pura pancadaria, promovida por gente desocupada que se diverte com quebra-quebras e agressões, inclusive ferindo gente inocente, como ocorreu nesta terça-feira em São Paulo, quando um coquetel molotov foi jogado contra um ônibus que ia passando por uma rua isolada, queimando a perna de um senhor de 60 anos.
Parece mais coisa do PCC, disfarçado de Black Block. Só não entendo porque a polícia não prende logo esses mascarados. Dá a impressão de que é a própria polícia querendo criar um clima para um golpe de estado de direita.
Para quem não viveu 1964, pode parecer divertido enfrentar as autoridades, mas quem se lembra sabe e conhece as táticas da direita para desestabilizar governos democráticos, que contrariem os grandes interesses nacionais e internacionais.
IMPERDÍVEL
Djavan
O cantor e compositor Djavan se apresenta na
Concha Acústica do TCA, no dia 27 de
outubro, com a turnê Rua dos Amores. O cantor, que assina
as letras e melodias das 13 novas canções, também é o produtor do CD. No
repertório, estão os novos sucessos “Bangalô”, “Pecado”, “Já não somos
dois” e “Ares sutis”, além de clássicos como “Flor de lis”,
“Meu bem querer” e “Samurai”, entre outros.
Com cenário e direção de arte de Suzane
Queiroz, lighting design de Binho Schaefer e figurino de Roberta
Stamatto, Djavan assina a direção do show e sobe no palco acompanhando
por Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclados e vocal), Jessé Sadoc
(flügel horn e trompete), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins
(flauta, saxofone e vocal), Paulo Calasans (teclados) e Torcuato Mariano
(guitarras e violões). Classificação: 14 anos.
Data: 27/10/2013
Horário: 19:00
Valor: R$ 100,00 (inteira) e R$
50,00 (meia)
terça-feira, 15 de outubro de 2013
POLITICANDO
Pra que serve a Moody's.
A agência de classificação de risco, Moody's, que serve de baliza para os investidores financeiros decidirem onde vão colocar o seu dinheiro, rebaixou a nota do Brasil, alegando pressões inflacionárias, crescimento baixo e problemas de infraestrutura.
Mesmo assim, todos os indicadores fazem uma previsão de crescimento da nossa economia para 2013, de 2,5%, muito acima dos Estados Unidos e de todos os países da Europa, inclusive a Alemanha.
Em plena recessão mundial, a Moody's, assim como a revista The Economist, investem contra o Brasil, que apesar de tudo, pagou sua dívida com o FMI e consegue se manter à tôna, crescendo, mantendo níveis baixíssimos de desemprego e fazendo investimentos sem precedentes na sua infraestrutura de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias.
Enquanto isso, os Estados Unidos não conseguem nem pagar seus funcionários e estão à beira de um calote histórico, da sua astronômica dívida de quase 17 trilhões (isso mesmo, trilhões) de dólares.
Porque a agência Moody's, então, não rebaixa a nota deles? Porque a mantém no mais alto nível, o AAA, enquanto a nossa está em Baa?
A resposta é óbvia: porque trabalha para eles, e não pode admitir que os investimentos saiam da Europa e da América do Norte, em direção ao Brasil, o que significaria uma inversão do poder econômico e político no mundo.
Ou seja, a Moody's, é apenas mais um instrumento de dominação das grandes potências imperialistas, para tentar continuar a dominar o mundo, apesar de suas economias estarem fazendo águia há muito tempo.
Mas a verdade é que o futuro para os investidores está nos emergentes. A Europa e a América do Norte, insistindo em suas políticas imperiais, gastando somas fabulosas em guerras intermináveis, estão ficando para trás, enquanto a América Latina, a África e a Ásia crescem, desenvolvendo mercados internos promissores e aumentando seu intercâmbio comercial, dando um by pass, nas grandes economias, que cada vez mais se afundam.
Quem viver verá.
CLIPE DA SEMANA
Vinicius
Em homenagem ao centenário de nascimento do poeta Vinicius de Moraes, trazemos hoje um pout-pourri com Vinicius, Tom Jobim, Toquinho e Miucha.
Aproveitem!
http://www.youtube.com/watch?v=0JK34NqxmvU
PAPO DE ARQUIBANCADA
Blogando por ai...
Paulo Vinícius Coelho
As atuações individuais do Brasil contra os campeões africanos. Maxwel sobe, Lucas desce.
O Braisl passou alguns apuros no
primeiro tempo, quando foi marcado por pressão. Zâmbia não chegou a ameaçar
Diego Cavalieri, mas incomodou até os 20 minutos. O Brasil jogava no 4-3-3, com
Ramires e Paulinho como meias. Mudou para o 4-1-4-1, com Ramires pela direita,
Lucas pela esquerda, Paulinho e Neymar se aproximando de Pato. A seleção cria
quando Neymar participa. A dependência é perigosa, mas inevitável. Dos 42 gols
da era Felipão 10 foram de Neymar e 8 passes dele -- 42%! Contra Zâmbia, campeã
africana, Ramires e Maxwell foram aprovados. Pato, não! E Lucas segue muito tímido,
o que pode ameaçá-lo no caminho até junho.
ATUAÇÕES
DIEGO CAVALIERI - Uma boa defesa
numa cobrança de falta no segundo tempo - 6.
DANIEL ALVES - Entrou muito em
diagonal e errou cruzamentos - 5,5
DEDÉ - O gol foi positivo. Mas
vacilou num lance diante do atacante Mulenga - 6.
DAVID LUIZ - Sempre seguro, líder
da defesa brasileira - 6,5
HENRIQUE - Não vinha bem quando
foi convocado. Melhorou no Palmeiras e foi seguro contra Zâmbia - 6
MAXWELL - Começou inseguro.
Terminou dando opção de jogo pela esquerda - 7
LUCAS LEIVA - Abusou das faltas,
porque foi solitário. Mas dá segurança - 6,5
PAULINHO - Sempre bons passes e
quase fez um golaço de fora da área - 6,5
HERNANES - Entrou aos 17 do
segundo tempo no lugar de Paulinho. Correto - 6.
RAMIRES - Ótimo como meia, quase
fez um gol. Depois, na ponta direita, ficou discreto - 6,5
OSCAR - Entrou quando Felipão
decidiu ganhar o jogo. Clareou com o primeiro gol - 7
LUCAS - Muito discreto. Sumiu na
ponta direita, foi para a esquerda e apareceu mais - 5
HULK - Entrou no intervalo,
participou do primeiro gol, mas não jogou o que pode - 5,5
PATO - A bola batia nele e
voltava. Não aproveitou a chance - 4,5
JÔ - Não repetiu nas últimas
chances as boas partidas da Copa das Confederações - 5.
NEYMAR- Às vezes, a bola parece
grudar em seu pé. Tudo acontece quando ele toca na bola. 7,5
BERNARD - Jogou quinze minutos,
mas atrapalhou bem a marcação - 6,5
Fonte: blog do Carlos Vinícius Coelho
POESIA DA SEMANA
Humana é a injustiça
Humana é a injustiça:
porém mais humano ainda é o combate
contra a injustiça.
Aqui, vocês devem se deter,
diante do humano.
E não devem tocar. Aos que foram assassinados
não procurem dar lições.
Que o punhal não raspe a palavra
com sua nódoa,
para não ficarmos apenas com
uma página vazia
riscada de cicatrizes.
Essa página branca e riscada
por cicatrizes: permitam que nós
a incluamos no dossier
Da Humanidade!
Bertold Brecht
(traduzida do alemão por Leandro Konder)
DESTAQUE
Os Índios e a Civilização
Acabo de ler este clássico da antropologia brasileira e internacional (editora Companhia das Letras, São Paulo - 7a edição, 1996). Não é um livro fácil, pois trata-se de uma pesquisa científica, mas tampouco é difícil, para quem tem o mínimo de conhecimentos na área das ciências, porque a linguagem de Darcy Ribeiro, ao contrário de muitos pensadores importantes, não gosta de dificuldades e não se dá ares de importância, preferindo sempre a objetividade e a proximidade ao leitor, sem abrir mão de nenhum pré-requisito metodológico.
O difícil na leitura não é a linguagem, mas a realidade imensa e complexa que se descortina com a sua leitura, sobre o universo indígena no Brasil e as imensas dificuldades do processo de assimilação dessas nações pela sociedade nacional.
Coloquei a palavra assimilação propositalmente em destaque, porque o autor não concorda com esse conceito. Ele diz que não existe assimilação nesse caso e constrói outro conceito ao longo do livro, que é o da transfiguração étnica.
Segunda ele, o tipo de sociedade dos indígenas brasileiros é tão diferente da nossa, que seria impossível que uma assimilasse a outra. Diferente não apenas no uso da tecnologia e na organização tribal, mas principalmente na concepção de mundo, e da relação entre homem e natureza, que passa muito mais pelo que nós chamaríamos de metafísica, ou pelo espiritualidade imanente das coisas, se é que consigo me fazer entender.
Portanto, para o índio não há como se integrar nessa gigantesca tribo (a chamada civilização) que invadiu seu território, sem perder sua identidade tribal. Sem falar nos grandes massacres e extinções de tribos inteiras feitas pelo contágio involuntário de doenças para as quais eles não tinham defesas, ou para as matanças planejadas, através da violência pura e simples de bugreiros, com armas de fogo, armas brancas, envenenamento de fontes de água e uso de roupas contaminadas por doenças (como a varíola, por exemplo), tão comuns atré 1910, quando foi criado o SPI (Serviço de Proteção ao Índio), sob a inspiração humanista e positivista de Cândido Rondon, depois transformado na atual FUNAI.
Mesmo com todos os cuidados dos indigenistas em pacificar as tribos, garantir a demarcação de suas terras, enfrentando a pressão de fazendeiros, seringueiros, garimpeiros, etc, que aliás continua até os dias de hoje (o livro foi escrito em 1957), mesmo quando a tribo consegue sobreviver a tudo isso, ela perde a sua personalidade, o que ele chama de ethos tribal, que vai desaparecendo na medida em que ela vai se vendo isolada, cercada dentro de seu território por um mundo de brancos, infinitamente superior a eles, em termos de quantidade e de tecnologia, fazendo com que eles percam o respeito por si mesmo e passem a duvidar da suas convicções originais.
É aí que se daria a transfiguração étnica e o índio deixa de pertencer a uma tribo, uma cultura específica, uma língua, com todo o contexto que a envolve, e passa a ser um índio genérico, sem personalidade, que já não existe mais como entidade original e não consegue tampouco se integrar na sociedade civilizada, restando a ele permanecer isolado e deprimido, dentro da sua reserva ou então se dissolver dentro do povo brasileiro, ingressando sempre nas suas classes mais baixas e exploradas, como mão de obra barata.
É interessante perceber como as tribos são pequenas, diante do nosso conceito de nação. As maiores, no tempo em que ele escreveu, não passavam de 15.000 pessoas e as menores às vezes resumiam-se a pouco mais de 300. E isso não se devia à mortandade, mas à um processo de expansão e divisão das tribos, que quando se tornavam mais populosas do que seu meio ambiente permitia sustentar, se dividiam, como abelhas que enxameiam com a velha rainha, para constituir outros povos, que embora aparentados, guerreavam entre si e iam construindo diferenças culturais para manteram sua diferenciação.
É chocante também perceber o ódio que os habitantes de povoados e cidades brasileiros próximos às terras indígenas alimentam por eles. É um preconceito profundo. Um desprezo racial e cultural que desmente todas as teorias do brasileiro cordial e da nossa cultura como resultado de contribuições das três raças formadoras.
O que existe mesmo é discriminação e apartheid, causadas por uma incompatibilidade profunda entre as duas concepções de mundo. Uma situação muito difícil de superar.
Uma pena que Darcy não esteja mais entre nós para fazer uma análise atual da situação dos índios brasileiros, apesar de sua introdução a última edição, em que ele comemora o crescimento da população indígena no Brasil, depois de décadas de queda populacional.
Talvez esteja na hora de fazermos como a Bolívia e proclamarmos o Brasil um Estado plurinacional, reconhecendo as dezenas de línguas faladas por eles, e hoje já adotadas no programa federal de educação indígena, e seu direito de ser diferentes, dentro desses territórios, antes que o agronegócio consiga romper os limites legais que ainda protegem as terras deles.
Um livro que todo brasileiro deveria ler, para entender essa questão fundamental da nossa sociedade.
RAPIDINHAS
Rua dos Inventos
Rio de Contas
RUA DOS INVENTOS convida artistas e interessados em geral a ocupar artisticamente, políticamente e esteticamente os espaços públicos da cidade de Rio de Contas.
RUA DOS INVENTOS é um festival multilinguagens que acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de dezembro de 2013 no centro histórico da cidade de Rio de Contas, localizada ao sul da Chapada Diamantina, BA, realizando ocupações artísticas nos espaços públicos da cidade a partir de propostas inscritas por meio de seleção pública que se relacionem com o tema desse ano:
Re-existência, a re-invenção da existência de modos de arte e de vida.
A inscrição na convocatória está aberta de XX de outubro até XX de novembro de 2013 pelo blog www.ruadosinventos.worpress.com para artistas individuais ou grupos atuantes nas mais diversas linguagens artísticas a inscreverem propostas que tragam experimentações na linguagem, na estética, nos formatos e nas relações espectador-obra, produzindo através da arte, territórios existenciais alternativos pela cidade. As inscrições são gratuitas, assim como todas as ações ou apresentações, atendendo a uma demanda antiga da população de realização de atividades artístico-culturais.
Contato para entrevista e informações:
* Maurizio Morelli – idealizador e coordenador geral do projeto - (77) 8100-3642
* Produção – OASIS/Espaço Imaginário - Rua Dr. Basílio Rocha 232, Centro, Rio de Contas - (77) 3475-2328 / (77) 8112-4684
* Assessoria de imprensa e divulgação – Karine Cruz e Jorge Neme – (77) 8162-0090 * Mais informações: www.ruadosinventos.wordpress.com
Rio de Contas
RUA DOS INVENTOS convida artistas e interessados em geral a ocupar artisticamente, políticamente e esteticamente os espaços públicos da cidade de Rio de Contas.
RUA DOS INVENTOS é um festival multilinguagens que acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de dezembro de 2013 no centro histórico da cidade de Rio de Contas, localizada ao sul da Chapada Diamantina, BA, realizando ocupações artísticas nos espaços públicos da cidade a partir de propostas inscritas por meio de seleção pública que se relacionem com o tema desse ano:
Re-existência, a re-invenção da existência de modos de arte e de vida.
A inscrição na convocatória está aberta de XX de outubro até XX de novembro de 2013 pelo blog www.ruadosinventos.worpress.com para artistas individuais ou grupos atuantes nas mais diversas linguagens artísticas a inscreverem propostas que tragam experimentações na linguagem, na estética, nos formatos e nas relações espectador-obra, produzindo através da arte, territórios existenciais alternativos pela cidade. As inscrições são gratuitas, assim como todas as ações ou apresentações, atendendo a uma demanda antiga da população de realização de atividades artístico-culturais.
Contato para entrevista e informações:
* Maurizio Morelli – idealizador e coordenador geral do projeto - (77) 8100-3642
* Produção – OASIS/Espaço Imaginário - Rua Dr. Basílio Rocha 232, Centro, Rio de Contas - (77) 3475-2328 / (77) 8112-4684
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Leituras públicas
Salvador
HUMOR TRANSATLÂNTICO
Ary Toledo
Clique e acesse:
Piada Contada: as amigas bêbadas
Duas
amigas passaram o dia fora, sem os maridos. Na volta, já de madrugada,
cambaleando de bêbadas, sentiram uma vontade irresistível de fazer xixi.
Procuraram um lugar escondido, até que viram um pequeno cemitério à beira da
estrada. Pararam ali mesmo. A primeira foi, aliviou-se e então se lembrou de
que não tinha nada para se secar. Usou a calcinha e jogou-a fora. A segunda
pensou: "Não vou jogar fora essa calcinha carísima". Apelou para a
fita que estava sobre um túmulo. No dia seguinte, os maridos se encontraram.
- Temos que ficar bem atentos. Minha mulher chegou em casa sem calcinha!
- Que sorte! A minha chegou com uma faixa presa na bunda, com a inscrição: "Jamais te esqueceremos"!!!
- Temos que ficar bem atentos. Minha mulher chegou em casa sem calcinha!
- Que sorte! A minha chegou com uma faixa presa na bunda, com a inscrição: "Jamais te esqueceremos"!!!
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