quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hora de mudar

POLITICANDO


Hora de Mudar

     Já se passaram mais de três meses das grandes jornadas de protesto de junho, no Brasil, e os políticos ainda não conseguiram reagir positivamente à indignação da sociedade.
     Apenas a presidente Dilma, pareceu mostrar sensibilidade em relação às reivindicações populares, lançando um gigantesco pacote de mobilidade urbana e propondo uma revisão da Constituição brasileira, logo rejeitada pelas elites e substituída pela idéia de um plebiscito, que também foi jogada discretamente para debaixo do tapete.
     O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, parece estar se vingando dos manifestantes que o obrigaram a recuar no aumento de 20 centavos no transporte público, lançando um brutal aumento do IPTU na capital, demonstrando claramente sua insensibilidade política ao insistir em medidas autoritárias, que vão na contramão das reivindicações da sociedade. 
     Com isso só conseguirá dificultar ainda mais a já difícil tarefa do PT de eleger Alexandre Padilha para o lugar do picolé de chuchú, Geraldo Alckmin, tirando finalmente o controle do maior estado do país das mãos conservadoras do PSDB.
     Os Black Blocks, estranho grupo de depredadores que se aproveitam da manifestações legítimas de protesto, parecem mais um grupo fascista, que atua sob os olhares complacentes da polícia. Se fossem comunistas já estariam todos presos, mas como usam roupas e bandeiras pretas, a cor dos fascistas italianos, parece que são deixados livres para agir, e só depois que causaram bastante prejuízo são reprimidos pela polícia.
     Coincidência, ou estamos assistindo a ascensão de grupos de extrema direita, desesperados com sua incapacidade em vencer o predomínio das coligações de centro-esquerda, comandadas por Lula, nos últimos 10 anos? Não é estranho que o governador de São Paulo pertença a uma facção de extrema direita da igreja católica, a Opus Dei?

    
     Enquanto a violência cresce, transformando protestos em verdadeiros atos terroristas, a urgente necessidade de reformas vai sendo sabotada pelos interesses corporativos dos políticos da base aliada, que as bloqueiam no Congresso. Afinal, o que é a tal base aliada senão um agrupamento de políticos de direita, corruptos e venais, vendidos ao governo em troca de cargos e outros benefícios?
     O partido que parece mais sintonizado com os protestos legítimos (e excluo os blackblocks desta legitimidade), é o PSOL, que deve crescer bastante nas próximas eleições, se tiver o bom senso de lançar uma candidatura própria à presidência com nomes mais jovens do que o encarquilhado Plínio de Arruda Sampaio.
     O país precisa de renovação e não de saudosismo e o PSOL tem bons nomes para uma candidatura alternativa, como Chico Alencar, Heloísa Helena e Randolfe Rodrigues, embora eu não acredite que nenhum deles vá trocar uma eleição garantida para a Câmara ou o Senado, por uma anticandidatura à presidência, sem maiores chances de sucesso.
    As reivindicações populares por maior qualidade de vida, podem até estar sendo atendidas pela presidente Dilma, que se mostrou sensível a elas desde o princípio, mas o problema político causado pelas grandes coligações eleitorais que dão sobrevida a políticos notoriamente corruptos, como Maluf, Sarney e Collor, não poderão ser resolvidas sem uma reforma ampla.
     Tampouco os problemas na educação e na saúde serão resolvidos com medidas paliativas, como o programa Mais Médicos ou o aumento das verbas para a educação, resultantes do pré-sal, se não forem feitas reformas profundas nessas duas áreas, enfrentando interesses poderosos que atualmente financiam as campanhas eleitorais do PT e seus aliados.
     Estamos chegando a um ponto de estrangulamento na política nacional, em que não adiantará mais trocarmos o partido no poder se não forem resolvidos os gargalos que impedem uma verdadeira democratização e isso só ocorrerá com a eleição de uma Assembléia Constituinte Revisora Exclusiva, com mandato apenas para rever a Constituição, conforme proposta da presidente Dilma.
     Entregar ao Congresso esta tarefa, significa cair no mesmo entrelaçamento de interesses que está impedindo o país de mudar e avançar, aperfeiçoando as suas instituições. Manter as coisas como estão é dar espaço para o crescimento da extrema-direita, que ameaça diretamente todas as nossas conquistas democráticas e sociais.


     É hora da esquerda retomar seu protagonismo e lançar um programa de reformas afinado com as aspirações populares, se libertando dos políticos corruptos dentro e fora da base aliada (inclusive a quadrilha de Zé Dirceu e cia), articulando uma nova plataforma política, que seja capaz de construir o Brasil do futuro de paz, liberdade, qualidade de vida e dignidade, que a maioria deseja.
     

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