quarta-feira, 23 de outubro de 2013

EUA: UM ERRO ESTRATÉGICO

POLITICANDO


EUA: um erro estratégico
  No início da década de 1990, logo após a queda do muro de Berlim, os Estados Unidos tiveram o mundo em suas mãos. Bill Clinton era um presidente admirado por todos, empenhado em acabar com os conflitos internacionais, num esforço que teve seu maior sucesso nas negociações de paz entre palestinos e israelenses.
     O capitalismo havia triunfado sobre o socialismo e o mundo inteiro tentava se reciclar adotando políticas de livre mercado, em lugar das antigas economias planificadas. A liderança dos americanos era total. Não apenas militar, mas principalmente moral. Eles haviam vencido e mostrado ao mundo que o sistema deles era o melhor. Parecia ser apenas uma questão de tempo para que um mundo novo de paz e prosperidade surgisse das cinzas da guerra fria.
     Mas um setor importante das elites norte-americanas não estava satisfeito: eram os fabricantes de armas, que só tinham a perder com um mundo pacífico, pois afinal eles viviam da guerra. E o percentual da indústria armamentista na economia dos Estados Unidos era muito grande para que eles simplesmente abandonassem o jogo e convertessem suas indústrias para a paz. Era preciso achar novos inimigos, para que mais e mais armas continuassem a ser produzidas e vendidas ao gigantesco aparelho militar do governo americano.
     Logo veio a "guerra contra as drogas", que tentava convencer o mundo de que uma nova ameaça substituíra o comunismo e precisava ser combatida. Mas esse tema não justificava tantos gastos militares assim. Segundo o cineasta americano Oliver Stone, houve uma reunião em Washington, onde foi colocada a necessidade da expansão militar americana no planeta, para que a liderança política americana se convertesse numa dominação militar de fato, transformando o país num império de verdade.
     Alguém falou, nesta reunião, que para justificar um aumento tão grande de gastos militares seria necessário "um novo Pearl Harbor", ou seja um ataque aos Estados Unidos em grande escala, que servisse de motivação para convencer os contribuintes a arcar com despesas astronômicas e intimidar o resto do mundo, de forma que todos os países se conformassem em se submeter ao poderio norte-americano.
     Então aconteceu o 11 de setembro, o ataque às torres gêmeas.À partir daí tudo mudou. O orçamento militar foi ampliado sem restrições, a NSA começou a patrulhar o mundo inteiro, inclusive a vida de cidadãos norte-americanos e começou a ser instalada a grande ditadura mundial, sonhada pela direita republicana.
     Se o ataque as torres gêmeas foi planejado pelos próprios americanos, como tantos insistem, não podemos saber, mas sabemos que aquele foi um pretexto perfeito para implantar um regime de espionagem mundial, um verdadeiro big brother, e aumentar as bases militares americanas no mundo chegando ao número absurdo de mais de 800 atualmente.
     A estranha história da demora em prender o líder da Al Qaeda, Bin Laden, que já havia trabalhado para a CIA no Afeganistão durante a invasão soviética, e depois a mais estranha ainda, história da sua prisão e morte, seguida do inexplicável ocultamento do seu cadáver, deixou a forte impressão de que tudo não passava de uma encenação, para proteger e esconder o antigo colaborador dos Estados Unidos, impedindo que ele revelasse que foram os próprios americanos que mandaram destruir as torres.
     A partir daí a guerra contra as drogas ficou em segundo plano e a guerra ao terrorismo tomou seu lugar. As grandes vítimas foram os países árabes, escolhidos como boi de piranha dos americanos, para que suas tropas atravessassem o rio da razão e ingressassem no território da insanidade total.
     Mas a história não parou de avançar e hoje, com a transparência criada pela internet, está cada dia mais difícil esconder as coisas da população, cada dia mais bem informada e conectada.
     De repente, um Edward Snowden revela a extensão da espionagem americana. O Wikileaks revela os crimes de guerra americanos no Iraque e muitas outras denúncias vão caindo na rede, desmoralizando o grande império, que perde rapidamente a sua liderança moral, permanecendo apenas como uma força opressora.
     Mesmo economicamente os Estados Unidos, que em 1950 concentravam 50% da riqueza mundial, hoje não detém mais de 25 %, correndo o risco de perder o posto de maior potência econômica para a China em breve, atolados numa crise sem precedentes.
     Um mundo multipolar surgiu da guerra fria e a estratégia americana de trocar sua liderança moral, que poderia ter construído uma sociedade global sob sua dominação política e econômica, por um planeta sob dominação militar, a cada dia se revela um grande erro estratégico.
     Jogaram fora uma oportunidade histórica de liderar um mundo novo e estão se afundando no militarismo nacionalista mais anacrônico, ingressando numa decadência moral acelerada, que se revela nos constantes ataques a civis, perpetrados por indivíduos enlouquecidos, dentro do seu próprio território.
     E não há liderança política ou militar que resista à decadência moral de um povo, obcecado pelo poder e pelo luxo. Muitos impérios já caíram seguindo esse script. Parece que agora é a vez deles. Obama, que chegou a despertar tantas esperanças de renovação na grande nação do norte, se tornou líder de um dos governos mais desmoralizados da história, pelas suas mentiras e pelo seu cinismo.
     Quem viver verá.
    
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário