O Brasil no rolo
O jornalista Glenn Greenwald, quando depunha no Congresso Brasileiro
Bem que a presidente Dilma tentou manter o Brasil afastado da sujeira revelada pelo ex-espião da NSA, Edward Snowden, no caso do programa global de bisbilhotagem que os Estados Unidos promovem, interceptando telefonemas, e-mails e redes sociais do mundo inteiro, em nome da "segurança nacional", deles é claro.
Como sempre, as velhas nações imperialistas da Europa estão metidas no rolo. Em primeiro lugar os cachorrinhos dos americanos: os ingleses. Mas também França, Alemanha, Itália e Espanha e até Portugal, as antigas potências coloniais.
Snowden pediu asilo a vários países do mundo, inclusive o Brasil, quando estava exilado no aeroporto de Moscou. Dilma, sabiamente, negou. O Brasil já tem problemas demais pra se meter nas confusões dos outros.
Outros países latino-americanos, que gostam de brincar de afrontar os americanos, aceitaram, mas ele não tinha como chegar até nosso continente, pois americanos e europeus simplesmente bloqueram o espaço aéreo global, fazendo até o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, de refém durante várias horas num aeroporto austríaco.
Snowden acabou ficando na Rússia mesmo, único país que tem condições de garantir sua segurança e aproveitar ao máximo as informações que ele carrega.
Acontece que Snowden tornou públicas as suas denúncias através de um jornalista britãnico, Glenn Greenwald que é correspondente do jornal The Guardian, no Rio de Janeiro. E foi através dele que o mundo ficou sabendo do programa gigante de escuta dos americanos, que se dão o direito de invadir a privacidade de qualquer cidadão do planeta, violando todas as regras internacionais.
O jornalista, porém, tem um namorado brasileiro, David Miranda, e o despachou para Berlim levando algumas informações para uma jornalista alemã, que também investiga o caso. Este brasileiro, usado como pombo-correio, na volta de Berlim para o Rio, teve a ingenuidade de tomar um voo que fazia escala em Londres e lá foi apeado do avião, detido por nove horas em uma sala, incomunicável, onde foi submetido a uma série de pressões e vexames e teve sua bagagem eletrônica confiscada.
O brasileiro David Miranda, preso irregularmente no aeroporto de Londres.
Os ingleses usaram uma lei antiterrorista, que lhes permite deter qualquer pessoa se houver alguma suspeita de envolvimento com planos terroristas, o que não era o caso. Tratou-se simplesmente de uma tentativa de censurar a liberdade de informação, tentando tomar os arquivos em posse do brasileiro, para impedir que fossem publicados.
O caso obrigou o governo brasileiro a protestar diante dos ingleses, que com seu cinismo habitual, alegaram questões operacionais. Os americanos, herdeiros do cinismo inglês, declararam que não tinham nada a ver com o caso (uns anjinhos) e a oposição no parlamento britânico já está fazendo o maior escarcéu contra este ato verdadeiramente terrorista do governo inglês contra a liberdade de imprensa, o que demonstra que Snowden ainda tem coisas muito mais importantes a revelar.
Este caso ainda promete muitos desdobramentos sensacionais, que talvez retirem alguns véus importantes que encobrem toda a sujeira da política internacional ocidental.
E o Brasil, sem querer, virou a sede do escândalo.
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