terça-feira, 27 de agosto de 2013

POLITICANDO

Mais médicos
     As reações ao programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal com intuito de levar assistência médica aos municípios desassistidos, tem gerado reações contraditórias, que tiveram o mérito de desvendar toda a extensão do problema da saúde no  Brasil.
     De um lado temos uma reação xenófoba e corporativista de médicos que construíram suas carreiras se dedicando à medicina comercial, que se alimenta justamente da falência da saúde pública para prosperar. Ou seja, vivem da miséria do povo, que não tendo outra alternativa tem que pagar, e caro, pelos seus serviços, se filiando a esses terríveis planos de saúde que só fazem sugar as economias dos que mais necessitam e na hora em que as pessoas precisam, se recusam a fazer exames, cirurgias ou negam leitos de hospitais alegando falta de vagas.
     De outro temos os profissionais comprometidos com a saúde pública, que ganham mal e tem que conviver com péssimas condições de trabalho em hospitais públicos, e que se sentem injustiçados por declarações do governo, que atribuem toda responsabilidade pela ausência de médicos no interior à falta de vontade dos profissionais de atuaem na área da saúde da família,  preferindo especializações que lhes rendam mais dinheiro.
     Realmente as declarações governamentais tem omitido a falta de condições de trabalho em que os profissionais da saúde (não apenas os médicos) são obrigados a trabalhar nos hospitais públicos. Não se trata apenas de ausência de estímulos salariais, mas de garantir a possibilidade de realizar um bom trabalho.
     Não é difícil imaginar a dificuldade para um profissional da saúde em ver seus paciente morrerem por falta de medicamentos, ambulâncias, ou instalações adequadas nos seus locais de trabalho. Deve ser tão traumatizante para o médico, como para as famílias dos doentes, ainda mais quando gerlamente apenas os médicos são responsabilizados pelos óbitos.
     Por outro lado, as faculdades de medicina que se espalharam rapidamente pelos Brasil nas últimas décadas, tem atraído alunos justamente acenando com a possibilidade de altos ganhos na profissão, trabalhando em conjunto com a indústria farmacêutica e com os empresários da saúde no sentido de fortalecer cada vez mais a medicina comercial em detrimento da pública.
     E o que o Ministério da Educação tem feito para reverter essa realidade? Tem estimulado cursos de medicina preventiva, de formação de sanitaristas e médicos da família ou deixou correr solta essa mentalidade que foi transformando a saúde em uma mercadoria?
     É muito fácil agora colocar a culpa nos médicos, mas cabe ao governo federal desenvolver políticas públicas na área da saúde que favoreçam a sua disseminação em todo território nacional, especialmente nas áreas mais carentes do país e das cidades, evitando o verdadeiro caos em que o setor se encontra.
     Por outro lado, o evidente corporativismo de médicos e empresas ligadas à saúde privada, não tem realmente o menor interesse em desenvolver um novo modelo de assistência no Brasil que contrarie seus privilégios e o mercado criado pela falência do serviço público.
     Bem, pelo menos esse programa mexeu no vespeiro, e a chegada dos médicos estrangeiros promete trazer à tôna mais distorções do nosso tão cantado SUS, na verdade um sistema idelizado por pessoas que acreditam num "comunitarismo" que não existe nem nunca existiu no Brasil. Quiseram criar os tais Conselhos que deveriam regular todo o sistema, de cima para baixo, tentando impor um modelo completamente contrário às nossas tradições centralizadoras, e que por isso mesmo nunca funcionou.
     É hora de rever todo o sistema, abrindo a discussão para a sociedade sobre que sistema precisamos e queremos construir para a saúde pública brasileira, não importando os interesses particulares que serão contrariados.
     

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