segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PAPO DE ARQUIBANCADA

Blogando por ai...


Herbem Gramacho
 

 A diferença do Vitória de Ney para o de Caio

       Qual a diferença do Vitória de Caio Júnior para o de Ney Franco? Em termos de esquema tático, o novo treinador não reinventou a roda nem fez grandes alterações em relação ao antecessor. Ney não é do tipo que conquista o vestiário pelo aspecto emocional, como alguns técnicos do tipo paizão, boleirão ou linha dura. Segue a linha do sóbrio estudioso, assim como Caio Júnior.  A diferença do time de um para o time do outro está nos jogadores, num misto de mérito e sorte. O que não significa que o Vitória atual seja muito melhor que o de algumas poucas rodadas atrás. O time voltou a jogar, mas continua errando demais.

       Sorte porque Ney Franco, ao chegar, já encontrou dois laterais com experiência para arrumar a casa, o que Caio não teve nos seus últimos dias à frente do clube. Nesse ponto, Caio deu azar. Perdeu Nino, um dos destaques do time, a ser operado por causa dos problemas crônicos no púbis e que não joga mais neste ano; e por não ter um substituto à altura, testou Daniel Borges, Dimas e até improvisou Gabriel. Na esquerda, que já era carente, Caio perdeu Mansur pelo mesmo motivo de Nino e ficou sem Tarracha, embora o garoto Euller tenha se revelado uma alternativa promissora.

       Com Ney foi diferente. Chegou e já encontrou Juan e Ayrton, dois laterais com bagagem e que não se embolam com a bola no pé.  Embora Ayrton não tenha a velocidade que faz de Nino um diferencial surpreendente, tem a virtude do bom passe e mostrou isso no cruzamento do primeiro gol de ontem, no 2x1 contra o Náutico.

       Diferença também no meio-campo, e aí está o grande mérito de Ney neste início de trabalho. Sem Escudero, principal jogador do time na opinião de Caio Júnior e de muitos outros, o novo treinador achou soluções em Marquinhos, fora dos planos do seu antecessor, e em Cáceres, a quem deu mais liberdade ofensiva.

       Acertos de Ney? Sim. Erros de Caio? Não necessariamente. Afinal, há muito mais fatores por trás de um time de futebol do que a bola no pé. O próprio Marquinhos é um grande exemplo disso, com todo seu histórico de desmotivação, alimentação inadequada, vida familiar complicada, físico comprometido e lesões. Cáceres também teve chance com Caio Júnior e não aproveitou.

       Às vezes, o jogador não consegue render, e isso produz efeitos nele, no time, no treinador, na torcida, na diretoria, na imprensa, mas o peso da culpa recai quase sempre sobre o técnico, o que é injusto. Jogar bola pode até ser simples. Mas o futebol é complexo, como o ser humano. Como Marquinhos, que, quando parece ter enchido a paciência de qualquer torcedor, volta, num estalo, a jogar bola.

        O Vitória de Ney Franco está melhor que o de Caio? Sim, se comparado às últimas rodadas do ex-treinador. Não, se comparado à maior parte do tempo em que Caio Júnior esteve no comando.  Ontem, por exemplo, foi um sufoco para ganhar do Náutico, lanterna disparado e a caminho do recorde negativo de pontos no Brasileirão. O que talvez ajude a entender que o treinador não é tão mágico assim. Que, no final das contas, quem ganha e quem perde o jogo quase sempre são os bons e os maus jogadores.

Fonte: Coluna do Herbem Gramacho

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