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Herbem Gramacho
A diferença do Vitória de Ney para
o de Caio
Sorte
porque Ney Franco, ao chegar, já encontrou dois laterais com experiência para
arrumar a casa, o que Caio não teve nos seus últimos dias à frente do clube.
Nesse ponto, Caio deu azar. Perdeu Nino, um dos destaques do time, a ser
operado por causa dos problemas crônicos no púbis e que não joga mais neste
ano; e por não ter um substituto à altura, testou Daniel Borges, Dimas e até
improvisou Gabriel. Na esquerda, que já era carente, Caio perdeu Mansur pelo
mesmo motivo de Nino e ficou sem Tarracha, embora o garoto Euller tenha se
revelado uma alternativa promissora.
Com Ney foi diferente. Chegou e já encontrou Juan e Ayrton, dois laterais com bagagem e que não se embolam com a bola no pé. Embora Ayrton não tenha a velocidade que faz de Nino um diferencial surpreendente, tem a virtude do bom passe e mostrou isso no cruzamento do primeiro gol de ontem, no 2x1 contra o Náutico.
Diferença também no meio-campo, e aí está o grande mérito de Ney neste início de trabalho. Sem Escudero, principal jogador do time na opinião de Caio Júnior e de muitos outros, o novo treinador achou soluções em Marquinhos, fora dos planos do seu antecessor, e em Cáceres, a quem deu mais liberdade ofensiva.
Acertos de Ney? Sim. Erros de Caio? Não necessariamente. Afinal, há muito mais fatores por trás de um time de futebol do que a bola no pé. O próprio Marquinhos é um grande exemplo disso, com todo seu histórico de desmotivação, alimentação inadequada, vida familiar complicada, físico comprometido e lesões. Cáceres também teve chance com Caio Júnior e não aproveitou.
Às vezes, o jogador não consegue render, e isso produz efeitos nele, no time, no treinador, na torcida, na diretoria, na imprensa, mas o peso da culpa recai quase sempre sobre o técnico, o que é injusto. Jogar bola pode até ser simples. Mas o futebol é complexo, como o ser humano. Como Marquinhos, que, quando parece ter enchido a paciência de qualquer torcedor, volta, num estalo, a jogar bola.
O Vitória de Ney Franco está melhor que o de Caio? Sim, se comparado às últimas rodadas do ex-treinador. Não, se comparado à maior parte do tempo em que Caio Júnior esteve no comando. Ontem, por exemplo, foi um sufoco para ganhar do Náutico, lanterna disparado e a caminho do recorde negativo de pontos no Brasileirão. O que talvez ajude a entender que o treinador não é tão mágico assim. Que, no final das contas, quem ganha e quem perde o jogo quase sempre são os bons e os maus jogadores.
Fonte: Coluna do Herbem Gramacho
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