Em defesa dos animais
Algumas pessoas tem me cobrado um posicionamento em relação à defesa dos animais contra a crueldade dos seres humanos. Tenho deixado este assunto em segundo plano, em face de problemas que a própria humanidade enfrenta, especialmente na nossa nação, que esta começando um ciclo de desenvolvimento sustentado e ainda precisa corrigir muitos problemas sociais, ambientais e políticos, para atingir um patamar digno de um país civilizado.
Não só o Brasil, mas nosso continente, latino-americano, vem despertando há muito pouco tempo para um crescimento com justiça social, dentro de uma democracia plena. Falta muita coisa para nos integrarmos e crescer juntos, construindo uma pátria ampliada.
Mas justamente por estarmos caminhando para um novo patamar de civilização está na hora de começar a questionar a maneira como nos relacionamos com os outros seres vivos que habitam este planeta, especialmente os animais.
Não se trata de aderir a uma maneira que vai se tornando típica das sociedades hipócritas, de tratar os animais domésticos, especialmente cães e gatos, como se fossem seres humanos, enfiando-os dentro de roupinhas ridículas, levando-os ao cabeleireiro (pet shops) para fazer penteados, ou colocando-os para dormir em caminhas macias, o que a meu ver só tenta negar a sua natureza animal, querendo transformá-los no que não são, ou seja, em arremedos de seres humanos, crianças mimadas usadas para suprir a carência afetiva de seus donos.
Não acho que isso seja cuidado verdadeiro, mas uma espécie de tortura, que coloca os bichos no papel de bonecos, servindo de diversão para seus donos.
O que me preocupa não são os animais domésticos, mas os matadouros, onde diariamente promovemos um gigantesco massacre para matar os bichos que criamos para comer. São rios de sangue para alimentar uma humanidade cada vez maior e mais sedenta de carne, mesmo sabendo de todos os malefícios que a carne faz ao nosso organismo.
A grande mentira, sustentada pelo saber dos médicos e nutricionistas, de que não podemos viver sem comer a proteína da carne, é desmentida diariamente por milhões de vegetarianos, que levam uma vida longa e saudável, sem participar do envenenamento coletivo das granjas, que alimentam suas aves com rações cheias de produtos químicos extremamente nocivos à saúde humana, ou às fazendas de gado, que "cortam" seus pastos com mata-mato, um veneno que depois é ingerido pelo gado e em seguido por nós, quando devoramos a sua carne.
Mas não se trata apenas da nossa saúde e sim do direito à vida que todos os animais deveriam usufruir. Como justificar a existência cruel de uma galinha, criada dentro de uma gaiola tão apertada que ela nem consegue se mexer, para que engorde mais rápido e possa ser morta mais jovem, acelerando o cilclo do capital, para enriquecimento dos que se consideram donos das suas vidas?
Como justificar a crueldade com que bois e vacas são marcados a ferro quente e mortos com marretadas na cabeça, numa fila onde sabem que vão morrer, sem nenhuma chance de defesa?
Isso sem falar em alguns procedimentos especialmente cruéis, como o usado para fazer o famoso Patê de Foi, (pasta de fígado de ganso), onde o pobre bicho é amarrado e alimentado à força por toda a sua vida, para que seu fígado cresça desmesuradamente, servindo para fazer esta iguaria que agrada tantos paladares humanos.
Há outros procedimentos terríveis, como na carne de vitela, veja abaixo:
A carne de vitela, é muito apreciada por ser tenra, clara e macia. O
que pouca gente sabe é que o alimento vem de muito sofrimento do bezerro macho,
que desde o primeiro dia de vida é afastado da mãe e trancado num compartimento
sem espaço para se movimentar. Esse procedimento é para que o filhote não crie
músculos e a carne se mantenha macia. "Baby beef", é o termo que designa a carne
de filhotes ainda não desmamados.
Um dos principais métodos de obtenção de carne branca e macia,
além da imobilização total do animal para que não crie músculos, é a retirada do
mineral ferro da sua alimentação tornando-o anêmico e fornecendo o mineral
somente na quantidade necessária para que não morra até o abate.
A falta de ferro é tão sentida pelos animais, que nada no
estábulo pode ser feito de metal ferruginoso, pois eles entram em desespero para
lamber esse tipo de material. Embora sejam animais com aversão natural à
sujeira, a falta do mineral faz com que muitos comam seus próprios excrementos
em busca de resíduos desse mineral. Alguns produtores contornam esse problema
colocando os filhotes sobre um ripado de madeira, onde os excrementos possam
cair num um piso de concreto ao qual os animais não tenham acesso.
A alimentação fornecida é líquida e altamente calórica, para que
a maciez da carne seja mantida e os animais engordem rapidamente. Para que sejam
forçados a comer o máximo possível, nenhuma outra fonte de líquido é fornecida,
fazendo com que comam mesmo quando têm apenas sede.
Com o uso dessas técnicas, verificou-se que muitos filhotes
entravam em desespero, criando úlceras pela sua agitação e descontrole no espaço
reduzido. Uma solução foi encontrada pelos produtores: a ausência de luz; a
manutenção dos animais em completa escuridão durante 22 horas do dia,
acendendo-se a luz somente nos momentos de manutenção do estábulo.
No processo de confinamento, os filhotes ficam completamente
imobilizados, podendo apenas mexer a cabeça para comer e agachar, sem poderem
sequer se deitar. Os bezerros são abatidos com mais ou menos 4 meses de vida -
de uma vida de reclusão e sofrimento, sem nunca terem conhecido a luz do sol.
(http://www.guiavegano.com/vegan/comportamento/carne-de-vitelo-ou-vitela-voce-sabe-o-que-e-isto)
Fala-se muito da contribuição da pecuária para o aquecimento global, devido à flatulência do gado, que emitiria muitos gases que vão para a atmosfera. Só não se fala que a existência dessa imensa população de gado encurralado no planeta, está diretamente ligada aos nossos hábitos carnívoros.
É um absurdo a quantidade de carne que ingerimos. Além de nos intoxicarmos com toda a química associada à carne, existem estudos comprovando que o nível de agressividade da pessoa está ligada a este hábito. Aliás, basta comparar a docilidade de um animal herbívoro com a agressividade de um carnívoro, para comprovar tal fato.
Em um planeta onde a violência aumenta exponencialmente, não há como não ligar os dois fatos.
Há muitos anos venho me conscientizando da necessidade de consumir menos carne. Já passei anos sem comer este produto e confesso que sinto um certo nojo, em churrascos, ao ver aquele monte de gente suada, devorando pedaços de animais e ingerindo bebidas alcoólicas. Parecem uns trogloditas.
E quando se fala em lazer, no Brasil, logo alguém sugere um "churrasquinho" com uma cerveja gelada. Parece que nos tornamos uma civilização carnívora e etílica.
Tudo isso faz com que encaremos com naturalidade toda a violência cometida diariamente contra os animais. E se fosse conosco, como nos sentiríamos? Imagine se um dia fôssemos invadidos por alienígenas que nos usassem como alimento: como poderíamos nos defender dizendo que isso era uma prática injusta, se fazemos o mesmo com os outros animais?
Está na hora do governo promover hábitos alimentares mais saudáveis. Isto também é uma política de saúde. Menos carne, menos gordura, menos toxinas, menos obesidade, menos problemas cardiovasculares, dentre outros.
Está na hora do governo promover hábitos alimentares mais saudáveis. Isto também é uma política de saúde. Menos carne, menos gordura, menos toxinas, menos obesidade, menos problemas cardiovasculares, dentre outros.
Pense nisso da próxima vez em que for ao supermercado.
Por Ricardo Stumpf
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