segunda-feira, 6 de maio de 2013

RAPIDINHAS

José Ibrahim
     Morreu no dia 03 de maio, de um infarto fulminante, o primeiro líder de uma greve de operários em São Paulo (Osasco) durante a ditadura militar, em 1968. Da greve liderada por José Ibrahim surgiu o movimento operário que resultou o movimento pela fundação do Partido dos Trabalhadores, 10 anos depois, do qual ele teria sido o primeiro presidente, se não fosse impedido pelos social-democratas, liderados por Lula, que reuniram 113 assinaturas num manifesto contra sua candidatura, por ele ser marxista, manifesto que ficou conhecido como "Articulação dos 113" e que deu origem à tendência Articulação, que até hoje domina o PT.
     José Ibrahim sempre foi muito firme em suas posições e nunca transigiu nos seus princípios, sendo por isto relegado a segundo plano pelos social-democratas e seus acordos.
     Tive o prazer de conhecê-lo ainda jovem, quando morava na Bélgica, onde eu havia me exilado voluntariamente. Eu, que não tinha experiência nenhuma de participação política, queria voltar ao Brasil e lutar contra a ditadura, mas não concordava com os movimentos armados que haviam naquela época, por considerá-los aventureiros.
     José Ibrahim foi quem teve a paciência de conversar comigo e muito amigavelmente me orientar a voltar e me filiar ao antigo MDB, onde poderia iniciar uma militância dentro da legalidade. Segui suas instruções, voltei, entrei no MDB e depois da reforma partidária me filiei ao PT, onde permaneci até 1990. Saí desencantado com as coisas que vi lá dentro e escrevi o livro Contracorrenteza, contando minhas vivências na política e minha decepção com o partido. 
     É uma grande perda para o sindicalismo brasileiro. Um homem digno que vai embora cedo demais.
A justiça tarda e falha
     Numa demonstração da lerdeza da justiça brasileira, o duplo assassinato do tesoureiro de campanha de Collor, PC Farias, e de sua namorada, ocorridos a 17 anos atrás, numa casa de praia em Alagoas, um caso típico de queima de arquivos, só agora começa a ser julgado.
     Como no caso do massacre do Carandirú, a demora no processo permitiu que os assassinos e os mandantes do crime, desfrutassem de liberdade todos esses anos, permitindo que indícios e provas fossem apagados.
     Tudo porque nossa justiça permite um sem-número de recursos protelatórios, que acabam favorecendo os criminosos e a impunidade.
     A reforma do Código Penal e de todo sistema prisional brasileiro, são urgentes, para criar penas mais severas, reduzir a maioridade penal, diminuir a quantidade infinita de recursos, dando mais agilidade à justiça, mais importância à decisão de jurados e juízes e criar um sistema carcerário que respeite a dignidade humana.
     Enquanto isso não ocorrer, vamos continuar assistindo a criminalidade e a impunidade crescerem.

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