Xô uruca...
Meus amigos, a urucubaca do treinador Cuca acabou: Atlético Mineiro é o campeão da Libertadores.
Tido como um tremendo pé frio, por ter sempre feito ótimos trabalhos pelos clubes onde passou, e, na hora H perder o título, Cuca finalmente conseguiu ter resultado da sua dedicação frente ao Galo Mineiro. Foi dura, suada, sofrida, mas a resposta aos críticos (maldosos) aconteceu. O alvinegro de Belo Horizonte gastou toda sua sorte, aliada à competência demonstrada durante toda a competição. Pênalti defendido no último minuto do jogo, nas quartas de finais, vitória nos pênaltis na semi-final e também na final. Alguém ainda tem dúvida de que Cuca é um competente sortudo ?!
Parabéns ao Atlético Mineiro pela grande conquista. Que venha o Bayern!
Blogando por ai...
Thiago Arantes
Thiago Arantes
Cuca e os dez anos de azar imaginário
Dez anos mudam muita coisa na vida de qualquer um.
Faça o exercício: onde você estava há 10 anos, em 25 de julho de 2003?
Eu me lembro bem. Há dez anos, em 25 de julho de
2003, eu estava sofrendo com meu time. Eram 21 rodadas do Campeonato
Brasileiro, o Goiás tinha apenas 17 pontos ganhos: três vitórias, oito empates,
dez derrotas.
Era um time condenado ao rebaixamento, apesar de
não ser ruim. A defesa, de Fabão e Renato Silva, era decente. Josué, Simão e
Marabá era um bom trio de volantes. No ataque, Araújo e Dimba. E tinha Danilo,
jovem, meio lento, de quem a torcida não gostava muito.
Aquele Goiás ainda ganharia o reforço de Grafite no segundo turno e ficaria 16 jogos sem perder, faria uma campanha histórica na reta final, com direito a ganhar do campeão Cruzeiro, a bater no Santos de Robinho - então campeão brasileiro - por 3 a 0, em novembro.
Aquele Goiás ainda ganharia o reforço de Grafite no segundo turno e ficaria 16 jogos sem perder, faria uma campanha histórica na reta final, com direito a ganhar do campeão Cruzeiro, a bater no Santos de Robinho - então campeão brasileiro - por 3 a 0, em novembro.
Foi um Goiás que entrou para a história por
desafiar a matemática, as previsões mais terríveis, a incredulidade da própria
torcida. O time acabou a competição em nono lugar, chegou a sonhar com a
Libertadores na reta final.
Mas voltemos àquele dia 25 de julho de 2003. O time
era lanterna, e a esperança do torcedor do Goiás estava abalada. O 3 a 3 com o
Santos, dois dias antes, era animador, mas ainda era pouco.
Restava o discurso otimista e o jeito firme de um
treinador que ainda era desconhecido do grande público: Alexi Stival, o Cuca.
Cuca mudou o jeito daquele Goiás e deu confiança a
um time que parecia rebaixado em julho. Araújo e Josué explodiram, Dimba
tornou-se o artilheiro da competição com 31 gols, o jovem Rodrigo Calaça segurou
as pontas no lugar de Harlei, que primeiro foi suspenso por doping e depois,
barrado.
Durante dez anos, defendi Cuca em várias
discussões. Não que ele precisasse, porque sempre esteve entre os mais
competentes técnicos do Brasil. Mas, ainda assim, defendi. E defendi porque vi
um trabalho fenomenal, jogo a jogo, e achava injusto rotularem como
"azarado" um dos melhores técnicos da nova geração.
Dez anos mudaram muita coisa na minha vida, no
mundo, na vida do ilustríssimo leitor.
Para Cuca, os dez anos entre aquela campanha
fantástica com o Goiás e a noite de quarta-feira, no Mineirão, foram de
sofrimento, de choro, de muitas vitórias esquecidas e de poucas derrotas,
sempre lembradas.
Mas, quando o último pênalti do Olímpia explodiu na
trave, e Cuca, vermelho-roxo, desabou sobre o gramado gélido do Mineirão, a
chave da história mudou.
Não precisarei mais argumentar que, não, Cuca não é
um técnico azarado, não é apenas um supersticioso, é um grande treinador,
merece tudo o que conquistou e ainda vai conquistar.
Cuca não deve mais explicações sobre o choro, o
soco na mesa, a marcha à ré do ônibus, a mesma camiseta. Cuca é campeão da
Libertadores com um Atlético Mineiro que mereceu cada minuto de drama e glória,
bem como seu treinador.
Cuca nunca foi azarado. E nós, que gostamos de
futebol, temos sorte.
Sorte de ver alguém tão apaixonado comemorando um
título que coroa uma vida inteira. Um reconhecimento que ele merece há dez
anos.
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