O império contra ataca
Com o fim da Copa das Confederações, as manifestações no Brasil refluíram. Na semana que passou as centrais sindicais tentaram marcar território, mostrando que sua liderança não estava totalmente morta, organizando uma greve geral no país, que acabou se tornando uma grande manifestação corporativista, com caminhoneiros (empresários de transporte no meio), fechando rodovias e várias categorias de trabalhadores ficando em casa vendo televisão, enquanto nas ruas uma minoria barulhenta tentatava se igualar aos jovens que encheram as ruas do Brasil, pedindo melhorias nos serviços públicos, o fim da corrupção e dos privilégios dos políticos.
Esse esforço só serviu para mostrar como o sindicalismo nacional está distante das reivindicações da sociedade, atreladíssimo aos interesses partidários e de costas para os anseios da população.
Figuras tristemente oportunistas, como o "Paulinho da Força Sindical", vários vezes candidato a cargos eletivos, sem nenhum sucesso, e que usa a "sua" central para defender interesses próprios e de políticos com o qual mantém uma relação promíscua, fizeram de tudo para aparecer.
A falecida CUT, que desde que o PT assumiu o governo, nunca mais fez nada pelos trabalhadores para não atrapalhar o governo, também tentou aparecer, gritando surradas palavras de ordem.
Tudo em vão.
Enquanto isso, a CIA experimenta com sucesso suas novas (?) estratégias de "contenção" de países que querem sair da órbita dos Estados Unidos. Monta, ou se utiliza de, manifestações populares para reverter processos de democratização que contrariam seus interesses estratégicos, como no Egito, onde exploraram o sentimento anti-islâmico da população, até conseguir emplacar seu queridinho no poder, o ex-consultor da Agência Internacional de Energia Atômica, El Baradei, como vice-presidente da república.
El Baradei, que perdeu a única eleição livre e democrática realizada no Egito para Mohamed Mursi, foi quem elaborou o relatório que justificou a invasão do Iraque pelos americanos em 2003, alegando que eles possuiriam armas de destruição em massa, o que depois se revelou uma mentira deslavada.
Ele, portanto, é responsável direto pela morte de mais de 200.000 civis iraquianos e pelo caos que se seguiu à invasão.
Agora os americanos tentam desestabilizar o Mercosul, estimulando uma tal Aliança do Pacífico, composta por países que tem acordo de livre comércio com eles, numa tentativa sorrateira de ressuscitar a ALCA, de triste memória. Pra quem não se lembra, a ALCA era uma proposta de atrelar as economias latino-americanas aos Estados Unidos, nos transformando em exportadores de matérias primas e mão de obra para eles, que continuariam liderando a criação tecnológica e o processo econômico, nos transformando, na prática, em colônias deles, para ajudá-los a sair da crise em que se encontram.
Para tentar nos desarticular não hesitam em usar de espionagem, como foi denunciado pelo ex-técnico Snowden, que teve que se refugiar em Moscou para escapar da sanha assassina da CIA, e de golpes de estado, como os praticados em Honduras e Paraguai. Não hesitam também em tentar manipular as manifestações autênticas da nossa juventude, infiltrando agentes provocadores que lançam bombas e coquetéis Molotov, conforme os manifestantes fizeram questão de mostrar para as TVs, na semana que passou, durante manifestação contra o governo do Rio.
Foto de uma das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que antecederam ao golpe militar de 1964
Para quem tem mais de 60 anos, não passa despercebida a semelhança entre algumas manifestações e o movimento que precedeu o golpe militar de 1964 no Brasil, contra o presidente João Goulart. Eram as famosas Marchas da Família com Deus pela Liberdade, lideradas por um pastor norte-americano, orientado pelas serviços secretos dos Estados Unidos para desestabilizar nosso governo democrático, preparando o ambiente político para o golpe de Estado, assim como fizeram no Egito agora.
Essas manifestações se apropriam de aspirações legítimas da sociedade, direcionando-as para as finalidades que atendam ao interesse deles, ou seja, a quebra do regime democrático.
Já fizeram isso em muitas partes, onde as urnas não elegeram quem eles queriam. Na Europa Oriental foram vários movimentos desse tipo, apelidados de revoluções de veludo, por terem derrubado governos democraticamente eleitos, sem derramamento de sangue.
É isso que estão tentando fazer na América Latina agora.
Portanto, jovens brasileiros, abram os olhos para não se deixarem manipular por interesses obscuros, completamente contrários aos seus anseios, e que se aproveitam das suas aspirações legítimas.
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