domingo, 14 de julho de 2013

POESIA DA SEMANA





Sou

Sou o que sabe não ser menos vão
Que o vão observador que frente
Ao mudo vidro do espelho
Segue o mais agudo reflexo
Ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento.
Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo,
Que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada na guerra.
Um esquecimento,
Um eco,
Um nada.

Jorge Luis Borges

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