segunda-feira, 29 de julho de 2013

POLITICANDO

A afirmação do Brasil
   
      As mudanças que estão se processando no Brasil de 2013 são muito mais profundas do que nossos partidos políticos tem sido capazes de compreender.
     O que a sociedade está pedindo, através de uma nova democracia de massas, de uma democracia direta, interativa, pautada pelas redes sociais e não mais pelos velhos partidos, é uma ruptura com o passado, só comparável aquela representada pela abolição da escravidão em 1888. Trata-se da ruptura com o domínio da burguesia corrupta que tem dominado o país desde a sua independência.
     Não se trata de um discurso ideológico, socialista ou liberal, mas de uma demanda ética, por uma cidadania real. O povo que conquistou a anistia em 1979, a democracia formal, com as eleições diretas para presidente em 1984, a redemocratização do país, com a nova Constituição em 1988, e um governo de esquerda, comprometido com os interesses nacionais e dos trabalhadores, em 2002, agora quer romper com o que resta das classes dominantes oportunistas que se apropriaram do país desde a sua independência e que condenam nosso edifício jurídico, a ser uma pantiomima, uma fraude, uma coisa "pra inglês ver", onde os ricos e poderosos podem tudo e os pobres nada, onde a justiça só funciona para os pretos e pobres e os ladrões brancos desfilam sua impunidade na cara do povo.
     A nação está cansada de uma justiça que não funciona, de um parlamento que só serve para legitimar interesses particulares, de partidos que não passam de clubes de interesses pessoais, de uma mídia que só expressa a opinião de uma elite moralmente falida, de declarações de ideologias que não são mais que cortinas de fumaça para acobertar acordos espúrios, onde a nação é vendida na bacia das almas.
     O povo quer leis que sejam realmente cumpridas. Que os criminosos paguem pelos seus crimes, quer o fim de privilégios seculares, que drenam as melhores energias da nação. Está cansado de palavras vãs, de promessas falsas, de mentiras emplumadas. Quer igualdade real, quer um país pra valer.
     E nossos partidos não estavam preparados para esta emergência de anseios. Não imaginavam que na calma aparente das multidões, se gestava tamanha transformação. Estão perdidos. Não sabem o que fazer, o que dizer, para onde ir.
     Tudo o que foi feito e dito no século XX se acabou. Nada vale mais. Quanto tempo levará para que surja uma nova classe de políticos capazes de interpretar os desejos que emergiram das jornadas de junho?
     E no entanto, será esta classe que vai dar os passos definitivos para transformar o Brasil na grande nação que ele promete ser. Vão ser eles que vão nos libertar das amarras do passado e do presente corrompidos pelas mesquinharias e pelos propósitos defasados e nos guiarão para ocupar nosso lugar no terceiro milênio que está começando.
     O grande papel reservado ao Brasil na história das nações, está apenas começando. Não se trata apenas de crescer mais, de aumentar a produção, gerar mais empregos, aumentar a renda per capita do povo, melhorando a distribuição de renda. Trata-se de realizar as mais altas profecias que dizem ser o Brasil a pátria do evangelho, a país com um imenso coração, como disse o Papa Francisco, cuja figura já transcende à Igreja Católica, um país que tem um destino maior, como promotor da paz e da justiça.
     Talvez seja demais pedir aos nossos políticos compreender isto. Por certo é demais pedir a eles que esqueçam sua pequenez e pensem grande. Mas o sinal foi dado. A luz se acendeu e não se apagará.
     O Brasil, de agora em diante, vai se afirmar entre as nações como um grande país e, como dizia Mao Tsé Tung sobre a China, há 40 anos atrás: mil flores se abrirão.  


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